São Paulo – O Ibovespa subiu pelo sexto pregão consecutivo ao encerrar em alta de 1,49%, aos 105.066,96 pontos, no maior patamar desde o dia 29 de julho (105.605,17 pontos). O ambiente externo mais favorável, com uma definição nas eleições norte-americanas e notícias positivas sobre vacinas, anima investidores desde ontem, levando à compra de papéis de setores que tinham sofrido mais durante a pandemia, caso da Petrobras e de bancos.
Balanços mais fortes de alguns desses setores também dão suporte a um movimento de rotação de ações e ainda impulsionam o volume negociado na Bolsa, que mostrou uma elevação nos pregões de ontem e hoje. O volume total negociado nesta terça-feira foi de R$ 51,1 bilhões.
“O movimento de ontem se estendeu hoje na Bolsa brasileira, tivemos uma redução das principais incertezas, com o resultado das eleições nos Estados Unidos e a vacina da Pfizer, que mostrou avanço. Esses foram os motivadores para que ocorresse uma rotação setorial, com empresas como a Petrobras, que tinham ficado para trás, voltando a subir”, disse o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter.
A vitória do democrata Joe Biden na corrida presidencial norte-americana já foi dada e, ontem, a Pfizer ainda anunciou que sua vacina contra o coronavírus teve 90% de eficácia na última fase de testes.
O sócio da RJI Investimentos, Rafael Weber, também chama a atenção que com a pandemia de covid-19 alguns setores tiveram pior desempenho e ficaram descontados em relação a outros que tiraram vantagem do período, como o de comércio eletrônico e tecnologia, em função das quarentenas. Ele também cita que alguns segmentos, que se beneficiam de juros baixos e de medidas como o auxílio emergencial, são outros já tiveram uma melhora desde o início da pandemia, caso de siderúrgicas e construtoras.
“Em contrapartida, empresas das áreas de energia, combustíveis, shoppings e bancos, ficaram para trás, e ainda há oportunidades no mercado. A Petrobras está entre essas empresas. Se compararmos ela com a Vale, por exemplo, a Vale já andou muito mais, por isso, faz sentido uma rotação de setores”, disse.
Esteter e Weber ainda chamam a atenção para o volume financeiro mais forte do mercado nos últimos dias, o que pode estar relacionado ao movimento de rotação de ações, com investidores se desfazendo de algumas posições e se alocando em novos papéis, além de ser um indício que investidores estrangeiros estariam voltando a se interessar por alguns ativos domésticos.
As maiores altas do Ibovespa foram das ações da Petrobras (PETR3 7,94%; PETR4 6,80%), do Santander (SANB11 7,65%) e da Ultrapar (UGPA3 8,44%), que já tinha divulgado fortes dados trimestrais na semana passada. Ainda entre as maiores altas ficaram o Bradesco (BBDC4 5,45%) e BRF (BRFS3 5,94%), que mostrou um balanço positivo ontem.
Na contramão, as maiores quedas do índice foram da B2W (BTOW3 -8,30%), da Totvs (TOTS3 -6,80%), da Gerdau (GGBR4 -5,31%) e da Magazine Luiza (MGLU3 -4,65%), com empresas de comércio eletrônico e tecnologia sofrendo correções em detrimento de outros setores.
Amanhã, a agenda conta com poucos indicadores, mas investidores devem ficar de olho nos dados das vendas no varejo do Brasil.
O dólar comercial fechou com leve alta de 0,07% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3900 para venda, interrompendo uma sequência de quatro pregões seguidos de sinal negativo, em dia de forte volatilidade da moeda. Além de seguir o exterior, um viés de correção local e de cautela com o cenário fiscal deram ao tom ao movimento intenso da moeda ao longo da sessão.
O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, ressalta o movimento de “robusta” volatilidade e amplitude do dólar, no qual acompanhou o exterior “em alguns momentos” do dia em meio ao fortalecimento da divisa norte-americana em relação à de países emergentes.
“Em outros momentos, respondeu a um fluxo positivo de recursos vindos dos últimos IPOs [oferta pública inicial de ações]. Ao longo da tarde, exibiu volatilidade menos intensa”, diz.
Para o analista da Toro Investimentos, João Vítor Freitas, apesar da sessão volátil e das questões locais, como a volta da preocupação em torno do cenário fiscal após declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ontem à noite sobre a necessidade de seguir com a agenda de reformas, o cenário externo é positivo e ainda influencia os ativos domésticos diante a busca por risco.
“A notícia a respeito da vacina da Pfizer ontem elevou a corrida por risco. O que vimos hoje foi um misto de correção local, visto que o mercado vinha de um otimismo forte na semana passada [com apostas de vitória do democrata Joe Biden na eleição dos Estados Unidos]. Se pensarmos bem, dias atrás, o dólar estava perto de R$ 5,80 e ontem chegou perto dos R$ 5,20. Daí, declarações do Maia e preocupações com o fiscal, fizeram a moeda oscilar”, pondera.
Amanhã, com a agenda de indicadores esvaziada, o analista da Toro aposta em mais uma sessão de lateralidade da moeda, atento ao exterior e aos desdobramentos na política e em relação ao cenário fiscal doméstico.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão em alta, porém, com oscilações estreitas, apesar da queda ensaiada pelo dólar, com o rali dos mercados internacionais por causa das eleições nos Estados Unidos perdendo tração. Ao mesmo tempo, as incertezas locais inibem o movimento de retirada de prêmios na curva a termo, com os investidores à espera de novidades sobre a questão fiscal.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,30%, de 3,29% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,82%, de 4,81% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,50%, de 6,42%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,24%, de 7,16%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos terminaram o dia sem uma direção comum, com os níveis elevados de infecção por covid-19 e a cautela sobre o momento da liberação das vacinas moderando os ganhos exuberantes alcançados na sessão anterior.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,90%, 29.420,92 pontos
Nasdaq Composto: -1,37%, 11.553,85 pontos
S&P 500: -0,13%, 3.545,53 pontos