São Paulo – Após oscilar entre leves quedas e altas ao longo dia, o Ibovespa ampliou perdas no final do pregão e fechou em queda de 1,05%, aos 106.119,09 pontos, interrompendo uma sequência de três altas. O índice refletiu a piora de Bolsas nos Estados Unidos depois que a cidade de Nova York anunciou que suspenderá aulas diante do crescimento de casos de coronavírus.
Na cena doméstica, investidores digerem os comentários da agência de classificação de riscos Fitch Ratings, que afirmou o rating do Brasil, mas alertou para uma deterioração fiscal. O volume total negociado foi de R$ 39,9 bilhões.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse por meio do seu Twitter, nesta tarde, que as escolas públicas devem ser fechadas a partir de amanhã devido ao aumento da taxa de testes positivos de covid-19, que atingiu o limite de 3%. Além disso, o estado de Ohio impôs um toque de recolher. As medidas de restrição social são observadas com receio pelo mercado, que teme novos impactos na economia apesar de expectativas positivas sobre vacinas contra o vírus.
“Na parte da tarde os mercados tiveram uma reviravolta, já havia a preocupação com o avanço da segunda onda, as altas eram moderadas, mas o que motivou a piora foi o anúncio de que das escolas em Nova York serão fechadas”, disse a analista da Toro Investimentos, Stefany Oliveira.
Já na cena doméstica, a agência de classificação de riscos Fitch Ratings afirmou o rating soberano do Brasil em BB-, com perspectiva negativa, citando uma forte deterioração fiscal no País. “Sobre a questão fiscal, faz sentido que os aumentos de gastos ocorrem com a pandemia, mas a preocupação fiscal já ronda o mercado faz bastante tempo”, lembrou a analista.
Entre as ações, as maiores quedas do Ibovespa foram da Multiplan (MULT3 -4,20%), Iguatemi (IGTA3 -4,20%) e da Cyrela (CYRE3 -4,17%). As ações de shoppings mostraram queda hoje em meio ao possível retorno de quarentenas mais duras também no Brasil, com novo aumento de casos de covid-19 em cidades como São Paulo.
Na contramão, as maiores altas foram da Cogna (COGN3 5,33%), da Yduqs (YDUQ3 5,31%) e da Azul (AZUL4 4,41%).
Para a analista da Toro, nos próximos dias os principais gatilhos para a Bolsa devem continuar sendo o avanço da segunda onda e o noticiário sobre vacinas. Na agenda de amanhã, os destaques são indicadores norte-americanos como pedidos de seguro-desemprego, vendas de imóveis, entre outros.
O dólar comercial fechou em leve alta de 0,07% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3360 para venda – após três dias seguidos de queda – em sessão volátil com a moeda exibindo sinal negativo por praticamente toda a sessão, mas passou a subir perto do fim do pregão em meio aos temores do avanço da covid-19 nos Estados unidos.
O prefeito da cidade de Nova York, Bill de Blasio, confirmou por meio do Twitter que fechará escolas a partir de amanhã após a taxa de transmissão do novo coronavírus chegar a 3% como medida de cautela. A doença avança em Nova York e no país, em que nas últimas 24 horas, os Estados Unidos registraram 161.394 novos casos da doença, enquanto as mortes se aproximam de 250 mil.
Segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins, o número de infectados seguem aumentando em uma taxa diária acima de 150 mil no país e as hospitalizações também continuam avançando.
A analista da Toro Investimentos, Stefany Oliveira, reforça que as preocupações do mercado com o avanço da covid-19 nos Estados Unidos, com altas no número de casos confirmados e de mortes, sustentaram o viés de cautela exibido no fim do pregão após a notícia sobre Nova York.
Também perto do fim dos negócios, a Fitch reafirmou a nota de crédito soberano (rating) de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil em “BB-“, mantendo a perspectiva negativa. Segundo a agência de classificação de risco, a avaliação do país é sustentada pelo tamanho e diversificação da economia brasileira, entre outros fatores, sendo contrabalançado pelo “alto e crescente” endividamento do governo.
A Fitch reiterou que a perspectiva negativa reflete a “severa deterioração” do déficit fiscal do país e da dívida pública, diante da incerteza persistente quanto às perspectivas de consolidação fiscal. Para a analista da Toro, o rating ajudou a amparar o movimento de alta do dólar. “A questão fiscal passa a preocupar mais”, diz.
Ao longo da sessão, porém, a divisa norte-americana chegou a renovar mínimas a R$ 5,27 refletindo o otimismo com a notícia de que os testes da vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech foi 95% eficaz nos resultados finais. Aqui, as declarações do diretor de política monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, ajudaram no movimento de queda da moeda.
“Ele disse que a autoridade monetária vai realizar leilões neste fim de ano, se for necessário, para atender a demanda por dólares, o que estimulou o desmonte de posições defensivas em dólar”, destaca o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.
Para a profissional da Toro Investimentos, a tendência para o dólar amanhã é movimento de correção após as notícias no fim do pregão, com investidores atentos ao cenário da segunda onda de contaminação de covid-19 nos Estados Unidos, além da preocupação interna com o cenário fiscal.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta acelerada, com o movimento de colocação de prêmios ganhando ritmo ao longo da tarde, após passarem boa parte da manhã com leves oscilações. Os investidores se anteciparam ao tradicional leilão de títulos públicos do Tesouro, amanhã, enquanto aguardam novidades no front político, com a questão fiscal no centro das atenções.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,28%, de 3,25% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,95%, de 4,85% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,79%, de 6,64%; e o DI para janeiro de 2027 ficou com taxa de 7,59%, de 7,42%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram a sessão perto das mínimas do dia, com o aumento de casos de covid-19 forçando mais partes dos Estados Unidos a imporem restrições para combater a disseminação da doença.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -1,16%, 29.438,42 pontos
Nasdaq Composto: -0,82%, 11.801,60 pontos
S&P 500: -1,15%, 3.567,79 pontos