Esperança por vacina contra coronavírus anima investidores

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São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 1,26%, aos 107.378,92 pontos, na esperança de que uma vacina contra o coronavírus possa ser distribuída em breve, o que ofuscou preocupações com o avanço da segunda onda da pandemia em vários países. Há possibilidade de que a vacina da Pfizer possa ser liberada para uso em dezembro nos Estados Unidos, além de a vacina da Astrazeneca em parceria com a Universidade de Oxford ter anunciado eficácia de até 90%. O volume total negociado foi de R$ 29,6 bilhões.

“Já há expectativas de que um movimento de vacinação em massa se inicie em breve na Europa e Estados Unidos. Este sentimento minimiza a preocupação do forte crescimento de novos casos da doença no mundo”, disse o analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi.

O analista da Rico Investimentos, Lucas Collazo, também destacou que “o rali das vacinas continua nesse início de semana” e que “investidores seguem crescendo seus olhos aos países emergentes”. No entanto, lembra que uma vacina não é uma “bala de prata” e um processo de vacinação em massa é complexo, com os impactos da segunda onda da pandemia em vários países também sendo avaliados.

No fim de semana, o chefe da Operação Warp Speed, Moncef Slaoui, que coordena os esforços nos Estados Unidos em torno de uma vacina, afirmou que as primeiras doses podem ser aplicadas no país a partir de 12 de dezembro. Além disso, a Astrazeneca e a Oxford informaram que sua vacina contra a covid-19 apresentou, em média, 70% de eficácia e, em alguns casos, dependendo do método de aplicação, de 90%.

Entre as ações, os papéis da Petrobras (PETR3 4,85%; PETR4 6,13%) se destacaram entre as maiores altas do Ibovespa, em dia de alta dos preços do petróleo e de commodities em geral. Ainda entre as maiores altas ficaram as ações da CSN (CSAN3 6,80%), BRF (BRFS3 5,91%) e na Petro Rio (PRIO3 7,63%).

Na contramão, as maiores quedas do índice foram de varejistas, como Carrefour (CRFB3 -5,34%), Magazine Luiza (MGLU3 -3,22%) e Pão de Açúcar (PCAR3 -3,97%), além da Cielo (CIEL3 -3,33%) O Carrefour enfrentou protestos em frente a algumas lojas depois do assassinato de João Alberto Silveira Freitas por seguranças de uma unidade em Porto Alegre (RS).

Na agenda de amanhã, investidores devem ficar atentos a dados como o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha e o índice de confiança do consumidor nos Estados Unidos, enquanto, no Brasil, o destaque será o IPCA-15. Analistas ainda citam que o noticiário sobre vacinas e a pandemia continuará no foco, mas que ao longo da semana a liquidez nos mercados tende a diminuir já que é feriado do dia de Ação de Graças nos Estados Unidos na quinta-feira.

O dólar comercial fechou em alta de 0,89% no mercado à vista, cotado a R$ 5,4360 para venda, em sessão de forte volatilidade e amplitude, influenciado pelo exterior onde a moeda estrangeira ganha terreno frente aos pares e divisas de países emergentes, enquanto aqui, um fluxo de saída de recursos e temores com o cenário fiscal elevaram o sentimento de cautela.

O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca que as falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, seguem “não ajudando”, já que “novamente, não apresentou solução para as contas públicas e o problema fiscal” do país. “Além disso, saídas de recursos corporativos, que são típicas nesta época do ano, alimentaram a alta do dólar”, diz.

O especialista da Portofino Investimentos, Thomás Gibertoni, acrescenta que rumores de que o auxílio emergencial será prorrogado também influenciou no cenário de cautela no mercado doméstico. Há pouco, Guedes afirmou que o benefício valerá até 31 de dezembro e o pagamento não se estenderá.

“Do ponto de vista do governo, não existe a prorrogação do auxílio emergencial. Evidente que há pressão política, muita gente falando em segundaonda. Nós estamos preparados para reagir se houver uma segunda onda, já sabemos como reagir”, disse o ministro da Economia.

Esquelbek ressalta que ajudou ainda na alta da moeda o resultado da leitura preliminar dos índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da atividade industrial e do setor de serviços dos Estados Unidos acima do esperado. A prévia de novembro do PMI da atividade industrial subiu a 56,7 pontos, ante expectativa de um resultado abaixo dos 53 pontos. Já o PMI do setor de serviços subiu a 57,7 pontos, enquanto analistas previam 55,0 pontos.

Amanhã, com a agenda de indicadores mais esvaziada, com destaque para a prévia da inflação nacional, Gilbertoni aposta em mais uma sessão de dólar pressionado em meio às indefinições quanto ao cenário fiscal doméstico.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram em alta firme, na esteira dos ganhos acelerados do dólar, que volta a ser cotado acima de R$ 5,40. O movimento de colocação de prêmios refletiu as incertezas dos investidores quanto à questão fiscal, enquanto aguardam a prévia deste mês da inflação oficial ao consumidor brasileiro (IPCA-15), amanhã.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,42%, de 3,36% no ajuste anterior, ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 5,24%, de 5,12% após o ajuste na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 7,06%, de 6,95%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,83%, de 7,74%, na mesma comparação.

Mais uma vez a perspectiva de uma vacina contra a covid-19 impulsionou os índices de ações do mercado norte-americano, que terminaram a primeira sessão da semana em alta, apoiados na expectativa de que uma imunização contra a doença ajudará em uma recuperação mais rápida da economia em 2021.

Confira a pontuação e variação dos índices de ações dos Estados

Unidos no fechamento:

Dow Jones: +1,12%, 29.591,27 pontos

Nasdaq Composto: +0,22%, 11.880,63 pontos

S&P 500: +0,56%, 3.577,59 pontos