São Paulo – O Ibovespa finalmente zerou as perdas acumuladas em 2020 durante o pregão desta terça-feira, fechou acima dos 116 mil pontos pela primeira vez em mais de dez meses e os investidores passam agora a mirar, apesar dos percalços, novos recordes históricos para o principal índice do mercado brasileiro de ações.
“Seguimos com expectativa positiva para o Ibovespa para esta semana”, afirmou mais cedo Pedro Galdi analista da Mirae Asset. A bolsa brasileira fechou em alta de 1,34%, aos 116.148,63 pontos. Isto significa um saldo positivo de 0,44% em 2020.
O Ibovespa chegou ao fim de 2019 aos 115.645,34 pontos e aproximou-se dos 120 mil ainda em janeiro, antes de ser duramente abalado pela pandemia do novo coronavírus.
Depois de patinar ao longo de 2020, o índice antecipou o rali de fim de ano em novembro e vinha orbitando já há algumas sessões o nível no qual começou o ano.
A principal questão no momento, segundo analistas, é se o Ibovespa terá fôlego para ir muito além do nível atual em meio aos persistentes riscos políticos e fiscais locais e também aos riscos associados à pandemia.
O dólar comercial fechou em queda de 0,76% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0860 para venda, acompanhando o movimento externo positivo para as moedas de países emergentes e ligadas às commodities em meio ao enfraquecimento da divisa norte-americana com investidores otimistas com o início da vacinação contra a covid-19 nos Estados Unidos, apesar do avanço de contaminações no país.
Além disso, o diretor da Correparti, Ricardo Gomes, destaca que as notícias de que republicanos e democratas estariam muito perto de aprovar um acordo para um novo pacote de estímulo aliviou a pressão do dólar no exterior. “A percepção positiva lá fora repercutiu na precificação dos ativos globais”, comenta.
Enquanto aqui, Gomes ressalta que o alívio na cotação da moeda veio da política ao passo que aumentaram as chances de a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2021 ser votada amanhã, como previsto. “O orçamento no Congresso de R$ 247,1 bilhões está acima dos R$ 232,0 bilhões previstos inicialmente, porque incluíram um valor a ser gasto com a compra de vacinas contra a covid-19”, ressalta.
Amanhã, além da possível aprovação da LDO no Congresso Nacional, tem a última decisão de política monetária de 2020 do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Para o economista da Nova Futura Investimentos, Matheus, Jaconeli, o mercado deverá operar na expectativa pela decisão do encontro do Fed, às 16 horas, enquanto investidores locais monitoram Brasília, em meio à possibilidade de avanços do orçamento da União para o ano que vem. “Lá fora, ao menos, o dólar deverá operar em compasso de espera pelo Fed e que deve refletir por aqui”, diz.
A direção das taxas dos contratos futuros de juros (DIs) foi única e de queda ao longo da sessão, refletindo a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), onde o grupo afirma ainda ver dificuldades na retomada econômica diante da segunda onda do novo coronavírus.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 2,945%, de 3,03% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,275%, de 4,370%; o DI para janeiro de 2025 estava em 5,83%, de 5,95%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,70%, de 6,82%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia com ganhos superiores a 1%, com o Nasdaq renovando máxima no fechamento, diante da expectativa de que uma nova rodada de estímulos deve ser aprovada no momento no qual os Estados Unidos começam a vacinação contra a covid-19.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +1,13%, 30.200,36 pontos
Nasdaq Composto: +1,25%, 12.595,06 pontos
S&P 500: +1,29%, 3.694,64 pontos