São Paulo – O exercício de opções sobre o Ibovespa conduziu hoje o principal índice do mercado brasileiro de ações ao mais alto patamar de fechamento desde 24 de janeiro deste ano, levando-o para perto de seus mais elevados níveis na história. O índice encerrou a sessão em alta de 1,47%, aos 117.857,35 pontos.
O Ibovespa passou por uma sessão volátil nesta quarta-feira. Depois de operar de lado da abertura até o início da tarde, o Ibovespa passou a cair em meio a uma realização de lucros pré-Fed. Do meio da tarde em diante, porém, o vencimento de opções sobre o Ibovespa levou o índice a virar e a testar sucessivamente as máximas do pregão.
Operadores qualificaram o movimento como uma briga entre posições compradas e vendidas em meio à formação de preços rumo aos vencimentos de opções sobre o índice.
“Havia uma posição vendida volumosa com o Ibovespa em 115 mil pontos e os operadores começaram a se posicionar para o vencimento das opções nas últimas horas de pregão”, explicou Rodrigo Moliterno”, head de renda variável da Veedha Investimentos.
Em meio ao rali, o Ibovespa passou a testar as máximas do dia praticamente até os minutos finais do pregão, passando dos 118 mil pontos por alguns minutos antes de encerrar.
Apesar da volatilidade observada no dia, a alta não era exatamente inesperada. Analistas acreditam que o índice dispõe de espaço para alcançar níveis mais elevados e eventualmente mirar novos recordes, mas esbarra nos riscos locais, especialmente naqueles relacionados à vacinação no Brasil e ao orçamento para o ano que vem.
O dólar comercial fechou em alta de 0,41% no mercado à vista, cotado a R$ 5,1070 para venda, em sessão volátil e descolado do exterior, com o mercado local elevando o sentimento de cautela com o cenário fiscal após a aprovação do texto-base da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 no Congresso, no início da tarde. Além da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), uma pesquisa mostra que a popularidade de Jair Bolsonaro caiu.
O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, destaca o movimento descolado do exterior, com as preocupações fiscais ofuscando o otimismo visto lá fora, ao passo que a LDO foi aprovada, porém, com destaques que elevam o risco fiscal. “Players e tesourarias bancárias deixaram o otimismo externo de lado e foram às compras, recompondo posições em dólares, com um movimento pesado de parte dos importadores pela via comercial”, avalia
Além da LDO, a pesquisa CNI-Ibope, realizada neste mês, mostra que a avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro como ótima ou boa caiu de 40% para 35%, enquanto que a de ruim ou péssimo subiu de 29% para 33%. O economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, ressalta que a queda de popularidade de um presidente “nunca é boa”.
“Pode ser que ele use uma estratégia mais populista, o que traz uma perspectiva de risco maior para as contas públicas”, comenta. “Sugere que Bolsonaro poderá adotar medidas mais populistas de transferência de renda, como forma de recuperação de sua imagem de olho em 2022, comprometendo ainda mais o ajuste fiscal”, acrescenta Gomes.
Quanto ao Fed, Gomes reitera que a entrevista do presidente, Jerome Powell, foi “retórica” e evidenciou as preocupações do banco central com os empregos e a renda. “Ao mesmo tempo em que foi textual ao afirmar que novos programas quantitativos poderão ser implementados, como forma de combate aos efeitos da pandemia”, diz.
Para Jaconeli, amanhã, em meio às preocupações fiscais, o dólar pode ter uma “nova esticada”, além de reagir às declarações do presidente do Fed. “E o mercado segue atento ao exterior na expectativa de avanços nas tratativas para a aprovação de um pacote fiscal [norte-americano]”, finaliza.
As taxas dos contratos futuros encerraram a sessão em alta diante de uma decisão da política monetária do Federal Reserve sem novidades, a pressão trazida pela alta do dólar comercial e a preocupação dos investidores sobre a negociação da dívida dos Estados.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 2,985%, de 2,945% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,35%, de 4,270%; o DI para janeiro de 2025 estava em 5,91%, de 5,83%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,74%, de 6,68%, na mesma comparação.
O S&P 500 e o Nasdaq terminaram o dia em alta, após sinais do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que continuará apoiando a economia com a compra de ativos e de que os juros devem continuar próximos de zero até, pelo menos 2023. A proximidade de um acordo entre líderes do Congresso norte-americano para um pacote de ajuda também ajudou na confiança em Wall Street, embora o Dow Jones tenha fechado em queda.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,15%, 30.154,54 pontos
Nasdaq Composto: +0,50%, 12.658,20 pontos
S&P 500: +0,17%, 3.701,17 pontos