São Paulo – O Ibovespa precisava de uma alta de apenas 0,4% hoje para estabelecer um novo recorde de fechamento, mas subiu apenas 0,23% aos 119.409,15 pontos. Depois de abrir em alta e renovar as máximas intraday, o índice passou a oscilar entre leves ganhos e perdas antes de ganhar fôlego novamente, mas não em dose suficiente para estabelecer um novo recorde. Ainda pela manhã, a bolsa brasileira renovou a máxima intraday histórica de 119.593 pontos, atingida em 24 de janeiro deste ano, chegando a 119.860 pontos.
O otimismo externo ocupava o vazio deixado pela escassez de notícias e indicadores econômicos relevantes. Pedro Galdi, analista de mercado da Mirae Asset, afirmava ver espaço para que o Ibovespa subisse mais um pouco ainda este ano, seguindo no flerte com o recorde histórico de fechamento de 119.527,63 pontos, atingido 23 de janeiro. Entretanto, ele chamava a atenção para a redução da liquidez devido à proximidade da parada para o ano novo, como mais uma vez ocorreu hoje.
Na Europa, os índices ainda repercutiam o acordo entre União Europeia e Reino Unido para uma solução negociada para o Brexit. Na véspera, os embaixadores dos 27 membros do bloco manifestaram apoio unânime ao acordo anunciado durante o feriado de Natal. O mercado financeiro também reagia ao novo pacote de estímulo à economia dos Estados Unidos, em especial à aprovação, pela Câmara, da elevação do valor do auxílio pago às famílias norte-americanas.
O lançamento de programas de vacinação contra o coronavírus em diversos países era outro fator apontado por analistas como fonte de otimismo no exterior. Neste aspecto, Dan Kawa, sócio-diretor da TAG Investimentos, advertia que o descaso público do governo brasileiro com a pandemia em algum momento poderia pesar sobre os ativos locais.
No curto prazo, avaliou Kawa, os ativos brasileiros serão ajudados pelo fluxo global para ativos que se beneficiam da recuperação mundial, como as commodities. “Contudo, sem um processo de vacinação em massa, corremos o risco de ficar para trás no processo de recuperação e pagarmos um preço elevado em momentos de menor liquidez global,” concluiu.
O dólar comercial fechou em queda de 1,10% no mercado à vista, cotado a R$ 5,1810 para venda, interrompendo uma sequência de cinco pregões seguidos de alta, em sessão volátil acompanhando a busca por risco no exterior em meio ao enfraquecimento da moeda estrangeira com a possibilidade de aumento do pacote de estímulo fiscal dos Estados Unidos.
O mercado reagiu à aprovação pela Câmara de Representantes dos Estados Unidos, ontem, de envio de cheques de estímulo de US$ 2,0 mil aos norte-americanos em vez do pagamento original de US$ 600 descrito no novo pacote de estímulo fiscal aprovado no domingo pelo presidente Donald Trump.
Hoje, o Tesouro do país e o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) prorrogaram a vigência do programa de empréstimos da Main Street, para empresas de pequeno porte, para 8 de janeiro. O mecanismo venceria na quinta-feira.
“O dólar, basicamente, acompanhou o movimento externo, com o dólar enfraquecido globalmente, refletindo a forte possibilidade do aumento do auxílio emergencial norte-americano, que pode passar de US$ 600 para US$2,0 mil”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.
Amanhã, com a agenda esvaziada no último pregão do ano, a economista da Toro Investimentos, Paloma Brum, ressalta que já é esperada uma liquidez reduzida no mundo, além do baixo volume de negócios. “Pode haver uma correção após a queda de hoje. E o mercado deverá monitorar o Banco Central caso seja necessária uma intervenção da autoridade monetária”, diz.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram o dia em queda, com o ritmo de retirada de prêmios acompanhando a o recuo acelerado do dólar, que cai mais de 1% e é cotado abaixo de R$ 5,20. O otimismo dos mercados no exterior embalou os negócios locais, em meio à ausência de notícias relevantes no front local e ao baixo volume financeiro.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 2,88%, de 2,92% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,230%, de 4,315% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 5,67%, de 5,81%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,41%, de 6,58%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos deram uma pausa nos ganhos, abandonando patamares recordes alcançados no início das negociações, para terminar o dia em queda em meio à incerteza sobre o futuro dos pagamentos diretos de US$ 2 mil no Senado norte-americano.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,22%, 30.335,67 pontos
Nasdaq Composto: -0,38%, 12.851,22 pontos
S&P 500: -0,22%, 3.727,04 pontos