São Paulo – Os chefes de Estado, de governo e autoridades de diversos países do mundo mostraram-se preocupados com o caos que se instalou ontem em Washington, nos Estados Unidos, após manifestantes invadirem o Capitólio durante a sessão de certificação da vitória do presidente eleito Joe Biden.
Na Europa, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, aliado do presidente norte-americano Donald Trump, disse: “Cenas vergonhosas no Congresso dos Estados Unidos. Os Estados Unidos representam a democracia em todo o mundo e agora é vital que haja uma transferência de poder pacífica e ordeira”.
O governo da Alemanha também se manifestou. “Trump e seus partidários deveriam finalmente aceitar a decisão dos eleitores norte-americanos e parar de atropelar a democracia”, disse o ministro alemão de Relações Exteriores, Heiko Maas.
“Os inimigos da democracia ficarão felizes em ver essas fotos incríveis de Washington. Palavras turbulentas se transformam em atos violentos – na escadaria do Congresso, e agora no Capitólio. O desprezo pelas instituições democráticas tem efeitos devastadores”, acrescentou.
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que o que aconteceu em Washington “não é norte-americano, definitivamente”, em vídeo publicado no Twitter. “Acreditamos na força de nossas democracias. Acreditamos na força da democracia norte-americana”, disse ele.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, também comentou o incidente. “O Congresso dos Estados Unidos confirmou a vitória de Joe Biden depois de um dia trágico. O ataque de ontem ao Capitólio só teve sucesso em reforçar os princípios que compartilhamos. A Espanha trabalhará com os Estados Unidos por um mundo mais justo e pelo triunfo da democracia sobre o extremismo”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu a importância das instituições. “Acredito na força das instituições e da democracia dos Estados Unidos. A transição pacífica de poder está no centro. Joe Biden ganhou a eleição. Estou ansiosa para trabalhar com ele como o próximo presidente dos Estados Unidos”.
No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau disse que “os canadenses estão profundamente perturbados e tristes com o ataque à democracia nos Estados Unidos, nosso aliado mais próximo e vizinho. A violência nunca conseguirá anular a vontade do povo. A democracia nos Estados Unidos deve ser mantida – e será”.
Na Ásia, o governo da China comparou os protestos em Washington com as manifestações em Hong Kong de 2019. “O nível de violência e destruição em Washington não é tão grave quanto o que aconteceu em Hong Kong, mas quatro pessoas morreram”, disse a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Hua Chunying, citando que não houve mortes em Hong Kong.
Segundo ela, a mídia norte-americana suou palavras como “incidente violento”, “vergonhoso” e “extremistas” para os protestos em Washington, enquanto chamaram as manifestações em Hong Kong de “belo sinal” e realizadas por “heróis da democracia”.
Já o primeiro-ministro da India, Narenra Modi, se disse “angustiado por ver notícias sobre distúrbios e violência em Washington. A transferência de poder ordenada e pacífica deve continuar. O processo democrático não pode ser subvertido por meio de protestos ilegais”.
Durante a sessão para certificação da vitória de Biden nas eleições presidenciais, manifestantes tomaram o Capitólio depois que Trump pediu que as pessoas agissem contra a confirmação do democrata, repetindo alegações infundadas de fraude eleitoral.
Policias e manifestantes armados entraram em conflito na frente do edifício do Capitólio, onde ficam o Senado e a Câmara dos Deputados norte-americanos. Policias soltaram bombas de gás lacrimogênio na tentativa de tomar controle dos manifestantes. Houve relatos de disparos, feridos e de quatro mortes.