Brasil repetirá EUA em 2022 se voto continuar sendo eletrônico, diz Bolsonaro

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São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil pode repetir o episódio visto ontem nos Estados Unidos, onde manifestantes invadiram o Congresso para impedir a confirmação da eleição de Joe Biden para presidente, caso o sistema de votação continue sendo o da urna eletrônica.

“O pessoal tem que analisar o que aconteceu nas eleições americanas agora. Qual foi o problema? Essa crise toda? Falta de confiança no voto. Então lá o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da pandemia, e houve gente que votou três quatro vezes. Mortos votaram, foi uma festa lá”, disse Bolsonaro a apoiadores.

Os comentários do presidente são idênticos aos de simpatizantes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que foram rechaçados ontem pela maioria dos congressistas do partido de Trump, o Republicano, quando o Congresso dos Estados Unidos confirmou a eleição de Joe Biden a despeito destas alegações.

“Aqui no Brasil, se tivermos voto eletrônico em 2022, vai ser a mesma coisa. A fraude existe”, disse o presidente, acrescentando que em 2018 só foi eleito porque tinha “muitos votos”.

O presidente Jair Bolsonaro defende há tempos que a votação em urna eletrônica seja complementada por um comprovante em papel do voto de cada eleitor. Ele também disse em várias ocasiões e sem apresentar provas ou informações consistentes, que o sistema de votação via urna eletrônica é passível de fraude.

A urna eletrônica é usada desde 1996 para as eleições no Brasil e até agora não houve nenhuma comprovação de que é possível fraudar o resultado apresentado pelo equipamento. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inclusive promove competições para que pessoas fora da instituição tentem alterar ou se infiltrar no sistema da urna. Até hoje, ninguém conseguiu.

O TSE é contrário à adoção do comprovante em papel defendido pelo presidente Jair Bolsonaro como meio de auditar o resultado das eleições porque isso, além de custoso, abriria espaço para o retorno da interferência humana no processo eleitoral.

O Tribunal afirma que em vez da comprovação em papel, a urna eletrônica possui mecanismos para verificar se houve fraude na contagem – porque as alterações são sempre registradas pelo sistema. Além disso, no dia da eleição, após o término da votação, são impressas e distribuídas várias cópias dos boletins de urnas, documento que traz a contagem de votos de cada seção eleitoral e que permite conferir os votos.