Eficácia de vacina do Butantan e da Sinovac é de 78% no Brasil

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São Paulo – O Instituto Butantan confirmou que a eficácia da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Sinovac – a CoronaVac – foi de 78% nos ensaios clínicos conduzidos no Brasil. A informação havia sido divulgada antecipadamente por alguns veículos de imprensa.

O índice de eficácia, que compara as ocorrências da doença entre as pessoas imunizadas e as que receberam um placebo, foi maior – de 100% – entre os casos graves e moderados de covid-19 e nos que exigiram internação hospitalar.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, ressaltou que todos os 12.476 voluntários que participaram do teste até o momento são profissionais de saúde e, por isso, estão mais expostos ao risco de contrair a covid-19, diferentemente do que foi observado em estudos de outras vacinas e da própria CoronaVac apresentados até agora, que foram aplicadas à população em geral.

“Nenhum dos voluntários que receberam a vacina foram internados. A pessoa pode até se infectar. O que queremos é que não progrida a doença, fique mais grave e a pessoa tenha que ir ao hospital e ser internada”, afirmou Covas.

USO EMERGENCIAL

O diretor do Instituto Butantan disse que houve uma reunião inicial com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) hoje cedo para tratar do pedido de uso emergencial da vacina, e que ainda hoje deve ocorrer uma outra reunião a respeito do assunto. “Esperamos poder formalmente iniciar esse pedido em tramitação após essa reunião do dia de hoje ou no máximo até amanhã”, acrescentou.

O governador paulista, João Doria, reiterou que pretende começar a vacinar a população a partir do dia 25 com a CoronaVac. Sob o plano paulista, serão vacinados primeiro os trabalhadores da saúde, os indígenas, a população quilombola e as pessoas com 60 anos ou mais na primeira fase da vacinação.

Segundo o plano, serão administradas duas doses por pessoa, e haverá vacinação todos os dias – de segunda a sexta, das 7h às 22h, e aos sábados, domingos e feriados das 7h às 17h. A expectativa é que sejam vacinadas 9 milhões de pessoas na primeira etapa – ou seja, seriam consumidas 18 milhões das 46 milhões de doses que o governo paulista diz ter à disposição.

O governo de São Paulo também disse recentemente a prefeitos que as cidades que desrespeitarem as orientações do Plano São Paulo – o guia de restrições à atividade econômica aplicado pelo governo paulista – terão prioridade menor na vacinação.

DUAS DOSES

O pedido de uso emergencial da CoronaVac deve prever a aplicação de duas doses por pessoa, mas pode determinar um intervalo maior que o inicialmente esperado entre as duas doses.

O plano de vacinação apresentado pelo governo paulista prevê a aplicação de duas doses da CoronaVac com intervalo de 21 dias entre cada uma. Covas disse durante a entrevista coletiva que este período pode oscilar de 14 a 28 dias, e que um prazo maior permitiria a vacinação de mais pessoas.

“Inicialmente foi definido como intervalo ideal 14 dias, mas podemos começar a considerar 28 dias. Pode fazer cobertura vacinal maior, aguardando a chegada de vacinas. Te dá um intervalo de tempo mais apropriado para programa de vacinação”, afirmou.

Ele disse que o estudo que embasa a taxa de eficácia da CoronaVac foi feito com duas doses e, por isso, a princípio não há como solicitar à Anvisa que apenas uma dose seja aplicada à população.

“Não se cogita neste momento utilização de uma dose. O que está se cogitando é intervalo entre as doses, para permitir cobertura maior”, afirmou.