Ações da Vale sobem com saída de negócio de carvão e expectativa por Brumadinho

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São Paulo – As ações da Vale estão entre as maiores altas do Ibovespa após a mineradora dar um primeiro passado para sair do mercado de carvão e em meio a expectativas de que um acordo possa ser alcançado com as autoridades de Minas Gerais, em audiência hoje sobre o rompimento da barragem de Brumadinho.

Às 13h25 (horário de Brasília), os papéis (VALE3) registravam alta de 1,27%, a R$ 93,53, depois de chegarem a subir 4% na máxima do dia (R$ 96,10).

Ontem à noite, a empresa anunciou um acordo para a comprar da totalidade das ações da Mitsui na mina de carvão de Moatize, em Moçambique, e 50% de participação e todos os créditos minoritários que a empresa detém no Corredor Logístico de Nacala (CLN).

Na avaliação dos analistas do Credit Suisse, a saída da Mitsui permite uma simplificação da estrutura acionaria do negócio e assim abre caminho para uma negociação mais transparente com um terceiro player interessado. Para eles, a saída do mercado de carvão é um movimento positivo da empresa e ressaltam que o investimento gerava um ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo.

“Embora inicialmente deva levar a um aumento na divida liquida da Vale de cerca de US$ 2,5 bilhões, isso deve ser temporário até que o desinvestimento deste ativo seja concluído, portanto, não deve prejudicar as perspectivas de retorno de caixa para 2021.”

Para o banco BTG Pactual, o desinvestimento deve parar as perdas que a empresa vinha sofrendo com o erro no mercado de carvão.

“A incursão no carvão, em Moatize, foi um grande erro, com a empresa afundando bilhões de dólares e diluição dos retornos. No entanto, temos o prazer de ver a Vale dar o primeiro passo para desinvestir seu negócio de carvão, que deve eventualmente parar as perdas e está em linha com seu estratégia de se tornar uma referência ESG [governança ambiental, social e corporativa, ESG na sigla em inglês] de longo prazo.

BRUMADINHO

Hoje, a Vale volta a se reunir com autoridades de Minas Gerais para tentar um acordo sobre reparação dos danos socioeconômicos causados às regiões atingidas pelo rompimento da barragem em Brumadinho.

Ontem, o governador do estado de Minas Gerais, Romeu Zema recebeu, em seu gabinete, o procurador-geral da República, Augusto Aras, o procurador-geral de Justiça do Estado, Jarbas Soares Júnior, e o defensor público-geral do Estado, Gério Patrocínio Soares.

Para Luís Sales, analista da Guide Investimentos, um desfecho no caso de Brumadinho pode ajudar a Vale a dar sequência em novos projetos.

“A Vale vem tendo uma série de audiências com o governo de Minas Gerais para decidir o valor da indenização a ser paga para quitar parte dos danos causados no desastre de Brumadinho. Tendo este ponto concluído, pode então dar sequência a novos projetos”, disse.

Edição: Danielle Fonseca (daniele.fonseca@cma.com.br)