ADRs da Eletrobras desabam quase 15% após renúncia de presidente

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São Paulo – As american depositary receipts (ADRs, recibos de ação de empresas estrangeiras negociados na Bolsa de Valores de Nova York) da Eletrobras têm forte queda hoje após a notícia de que o presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior, renunciou ao cargo “por motivos pessoais”. A renúncia de Ferreira Júnior evidencia as dificuldades para a privatização da companhia. Às 13h (horário de Brasília), as ADRs (EBR) recuavam 11,85%, a US$ 4,96, depois de chegarem a cair quase 15% mais cedo.

O executivo permanecerá no posto até 5 de março para que a companhia possa fazer a transição para seu eventual sucessor, disse a Eletrobras num comunicado enviado ontem à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Haverá uma teleconferência com investidores e jornalistas hoje às 15h, com o ainda presidente, para falar do assunto.

Segundo reportagens na imprensa, Ferreira Júnior deve assumir a presidência da BR Distribuidora, no lugar de Rafael Grisolia. A BR Distribuidora ainda não se posicionou sobre os rumores.

Nas últimas quinta-feira (21) e sexta-feira (22), as ações da Eletrobras já fecharam em forte queda após o candidato à presidência do Senado, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sinalizar, em entrevista, que a privatização não será prioridade e dizer que ela não pode ser um “entreguismo sem critério”.

O candidato é apoiado pelo atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e pelo presidente Jair Bolsonaro, e disse que, apesar de ser favorável a privatizações, a prioridade agora deverá ser “a preservação da saúde pública”.

Soma-se aos impedimentos à privatização, a notícia negativa de que a Justiça do Rio de Janeiro rejeitou um recurso da Eletrobras num processo, no qual foi condenada a pagar R$ 1,3 bilhão num contencioso com a Gerdau e outros credores. O valor do processo não estava provisionado pela companhia no final do ano passado.

O diretor de operações da Mirae Asset Corretora, Pablo Spyer, destaca que já é o quinto dia seguido de queda dos papéis da Eletrobras e que a saída “frustra expectativas do mercado de que Wilson liderasse a continuidade de planos para a privatização da companhia”. “Os ventos de Brasília não julgam que a privatização seja prioridade”, observou ainda.