Braskem provisiona R$ 8,8 bilhões por desastre em Maceió

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Corrige, às 17h55 da terça-feira (2), informações publicadas ontem (1) sobre a data de fechamento da planta de Camaçari, que dizia que a planta seria paralisada em abril, e de que haverá importação do sal do Chile devido ao seu fechamento.

São Paulo – A Braskem provisionou R$ 8,8 bilhões no quarto trimestre de 2020 relativos ao impacto financeiro do desastre geológico em Maceió, em 2018. Os números foram apresentados em teleconferência sobre o desastre geológico que causou afundamento do solo em Maceió em 2018 devido à extração de sal-gema, pela companhia, em área urbana.

Segundo a companhia, o total provisionado era de R$ 10,1 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão já totalmente consumido pelo fechamento das minas de extração de sal, R$ 1 bilhão em pagamentos já realizados e R$ 200 mil reclassificado para o grupo de fornecedores.

Com isso, somando R$ 5,2 bilhões em gastos com realocação e compensação, R$ 1,2 bilhão com fechamento e monitoramento de plantas, R$ 1,6 bilhão com medidas sociais e urbanísticas, R$ 800 mil com medidas adicionais, o total provisionado pela companhia relativo ao evento de Alagoas totaliza R$ 8,8 bilhões no quarto trimestre de 2020.

Do total provisionado, R$ 4,1 bilhões serão pagos em 2021 e outros R$ 4,8 bilhões, entre 2022 e 2025.

FIM DA PRODUÇÃO EM CAMAÇARI

A Braskem explicou ainda que a planta de produção de cloro soda, em Camaçari, na Bahia, foi paralisada definitivamente, devido ao fim da vida útil do ativo, em janeiro de 2020. A
planta estava em atividade desde em abril de 1979, disse Almir Viana Cotias Filho, líder de vinílicos da companhia.

A companhia também anunciou que vai reativar a planta de Maceió, no estado do Alagoas, e que importará sal do Chile para produzir cloro e soda cáustica, devido ao encerramento de suas atividades em extração de sal gema em Maceió. A importação da matéria-prima não está relacionada ao fechamento da unidade na Bahia.

A unidade de Maceió está em fase de comissionamento e deve voltar a funcionar até o final do primeiro trimestre de 2021.

A planta estava desativada há quase dois anos, devido ao afundamento do solo na região, causado pela extração de sal-gema.

“Esperamos uma recuperação de ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e melhora de spreads ao longo do ano com a retomada das operações”, disse Pedro Freitas, diretor financeiro da Braskem.

PROCESSOS

Segundo apresentação feita por Filipe Alves Tavares, jurídico do caso Maceió, existem quatro processos contra a companhia referentes ao caso de Maceió, que somam R$ 38,6 bilhões. O Ministério Público do Trabalho de Alagoas (MPT-AL) pede R$ 3,7 bilhões para reparar trabalhadores, enquanto o poder público federal e estadual clama R$ 6,7 bilhões para compensar os danos aos moradores dos bairros atingidos e o Ministério Público Federal, R$ 28,2 bilhões, pelos danos sociais e ambientais. Há ainda uma ação de investidores detentores de ADRs da companhia, que alegam perdas por omissão e informações falsas sobre o desastre.

“A Braskem tem o objetivo de continuar acelerar a negociação por compensações aos moradores dos bairros afetados pelo desastre geológico que causou afundamento do solo devido à atuação da companhia na extração de sal-gema em área urbana com falha geológica desde 1975”, disse o advogado Thiago Fontana Gemignani, que representa a companhia.

Em 2021, a prioridade será estabilizar a governança do programa social e urbanístico, disse a companhia, que apresentou à Agência Nacional de Mineração (AMN) um plano para estabilizar e monitorar 35 áreas de extração de sal.

O plano é considerado como “de difícil execução” pela companhia, que espera avançar sua implementação nos próximos meses.

HISTÓRICO

Em 30 de dezembro, a Braskem anunciou dois acordos com as autoridades brasileiras para encerrar ações civis relacionadas a um evento geológico iniciado em 2018 perto de suas minas de sal no estado de Alagoas. A companhia estimava que, com os acordos, as ações somariam R$ 1,2 bilhão aos R$ 7,9 bilhões provisionado no final de setembro, aumentando as provisões totais para o incidente para R$ 9,1 bilhões (U$$ 1,7 bilhão).

Ainda no contexto das tratativas para a extinção da ação civil dos moradores, em dezembro, a Defesa Civil de Maceió atualizou o mapa de setorização de danos e linhas de ações prioritárias e incluiu propriedades adicionais, que resulta em gasto adicional de R$ 300 milhões aos valores já provisionados no final do terceiro trimestre.