São Paulo – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou a prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ), depois de ele publicar um vídeo em que pede a destituição dos ministros da corte.
No vídeo, Silveira diz que os ministros do STF desrespeitam a Constituição, acusa ministros de proteger criminosos e de tratamento desigual a alvos de investigação – neste caso específico, afirma que a corte ordenou a apreensão de equipamentos seus e evitou a apreensão de equipamentos do ex-ministro e senador José Serra (PSDB-SP) durante investigações não relacionadas.
“Na minha opinião, vocês já deveriam ter sido destituídos do posto de vocês e uma nova nomeação convocada e feita de 11 novos ministros”, disse o deputado no vídeo. Não há dispositivo constitucional que preveja a destituição dos ministros do STF.
“Eu só quero um ministro cassado. Tudo que eu quero. Um ministro cassado. Para os outros 10 idiotas pensarem ‘pô, não sou mais intocável”, acrescentou, em outro ponto.
Várias das críticas de Silveira foram dirigidas ao ministro Edson Fachin, após contestações que o magistrado fez recentemente ao ex-comandante do Exército Brasileiro general Villas-Boas.
Durante o feriado de Carnaval, veio à tona que os recados publicados por Villas-Boas em 2018, na véspera do julgamento do STF que resultaria na manutenção da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram escritos em conjunto com outros oficiais das forças armadas.
À época, Villas-Boas disse no Twitter que “nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”.
Ele acrescentou: “asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.”
Já naquela época partidos de esquerda, principalmente, afirmaram que a mensagem era uma tentativa de pressão das forças armadas sobre o julgamento de Lula.
Fachin, na época, não se manifestou e proferiu voto a favor da manutenção da prisão do ex-presidente, mas no feriado de Carnaval, após a revelação de que a mensagem foi escrita em conjunto pelos oficiais, emitiu uma nota criticando Villas-Boas.