São Paulo – Os Estados Unidos vão trabalhar em parceria com os países europeus para enfrentar desafios como a pandemia de covid-19, as mudanças climáticas e ameaças à segurança, disse o presidente norte-americano, Joe Biden, ao participar da Conferência de Segurança de Munique. Biden também fez críticas à China e à Rússia.
“Os Estados Unidos estão de volta. A aliança transatlântica está de volta”, disse ele. “Não estamos olhando para trás, mas sim para frente, juntos”, afirmou Biden, acrescentando que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é uma base forte.
“A aliança entre os Estados Unidos e a Europa é deve permanecer um pilar de tudo que queremos conquistar no século XXI, assim como fizemos do século XX”, disse. “Os desafios que enfrentamos hoje são diferentes”, e a dinâmica global mudou, novas crises demandam nossa atenção e não devemos apenas focar na competição entre nossos países, mas trabalhar como aliados, afirmou o presidente.
“Estados Unidos estão completamente comprometidos com a Otan e acolhem o investimento europeu em habilidades militares e em nossa defesa comum”, disse. “Mantemos a fé no artigo 5; um ataque a um é um ataque a todos”, disse, citando o apoio dos aliados no combate à Al Qaeda no 11 de setembro, e o contínua parceria contra o terrorismo no Afeganistão e Iraque. “Não podemos permitir que o Estados Islâmico se reagrupe e ameace”.
Biden disse que seu país apoia processos diplomáticos, e que vai trabalhar com a Europa para estabilizar o Oriente Médio.
Ele reconheceu que houve tensões no relacionamento com os europeus, mas disse que “os Estados Unidos estão determinados em reengajar com Europa”.
DESAFIOS DE CHINA E RÚSSIA
O presidente dos Estados Unidos também criticou os abusos econômicos do governo da China e os ataques à democracia cometidos pela Rússia, afirmando que os dois países representam desafios diferentes mas igualmente reais.
“Temos que nos preparar juntos para uma longa competição estratégica com a China. Como os Estados Unidos, Europa e Ásia trabalharão juntos para garantir a paz, defender valores comuns e garantir prosperidade pelo Pacífico estão entre as ações de maior importância que adotaremos”, disse.
“A competição com a China será rígida. É isso que eu espero, e acolho, pois acredito em sistema global que a Europa e os Estados Unidos juntos, juntamente com nossos aliados no Pacífico, trabalharam tão duramente para construir nos últimos 70 anos”, disse.
O presidente disse que a parceria requer investimentos comuns, proteção à inovação e à propriedade intelectual, em uma sociedade democrática e aberta, onde os benefícios são partilhados por todos.
“Temos que reagir aos abusos econômicos e coerção do governo da China que corroem as bases do sistema internacional. Todos devem jogar pelas mesmas regras”, disse, citando que as empresa europeias e norte-americanas tem regras de divulgação de resultados e de combate à corrupção, entre outras. “As empresas chinesas deveriam cumprir os mesmos padrões”.
Biden disse ainda que é preciso enfrentar as ameaças da Rússia, que cometeu “ataques criminosos à democracia e usou de corrupção para prejudicar nosso sistema de governança”, tentando fazer as pessoas acreditarem que os Estados Unidos são tão corruptos quanto eles, mas todos sabem que isso não é verdade.
Segundo ele, a Rússia quer destruir o projeto europeu e a unidade da Otan. “É bem mais fácil para o Kremlin cometer bulling e ameaçar Estados menores, do que negociar com a comunidade forte e unida da Otan”, disse Biden.
“Por isso defender a soberania e integridade territorial da Ucrânia permanece uma preocupação vital da Europa e dos Estados Unidos”. Segundo Biden, combater os ataques hackers da Rússia se tornou crítico para garantir a segurança global.
“Os desafios da Rússia podem ser diferentes dos da China, mas são tais reais quanto. Não é apenas Ocidente contra Oriente, não é apenas sobre querermos conflito. Queremos um futuro onde todas as ações do mundo possam livremente determinar seu próprio caminho ser ameaça, violência ou coerção”.
Biden disse que não podemos retornar à competição como a Guerra Fria, e que a concorrência não deve impedir a cooperação, que será fundamental para derrotar a pandemia de covid-19, por exemplo.
DEFESA DA DEMOCRACIA
O presidente norte-americano afirmou ainda que “progressos democráticos em muitos países, incluindo nos Estados Unidos, estão sob ameaça”, e que “a democracia é essencial para enfrentar desafios” comuns como a pandemia e as mudanças climáticas.
Ele destacou a reentrada dos Estados Unidos no Acordo do Clima de Paris, e disse que o país vai investir em tecnologias por energias mais limpas e leves. Por fim, Biden disse que o país vai contribuir com cerca de US$ 2 bilhões para a inciativa global Covax, que conta com a ajuda de diversos países para levar a vacina contra covid-19 a nações menos desenvolvidas.
“Vamos construir nosso futuros juntos. Sei que podemos. Já fizemos isso antes”, disse, reiterando que os Estados Unidos vão fazer sua parte. “A democracia funciona em conjunto. Não há nada que não possamos fazer. Então, ao trabalho”, concluiu.