Bolsa e dólar sobem diante de incertezas sobre PEC Emergencial

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São Paulo – Em um dia marcado por oscilação, o Ibovespa fechou com ligeiro ganho de 0,65% aos 111.330,62 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril, aponta elevação de 1,95%, aos 111.130 pontos.

Durante o dia, os temores do mercado sobre uma polarização política populista de Bolsonaro e Lula se dissiparam após o início da discussão na Câmara dos Deputados sobre a admissibilidade da PEC emergencial aprovado no Senado. Os mercados mostraram moderado otimismo em relação à manutenção do texto original, que equivale a respeitar o equilíbrio fiscal. Especialistas da Ativa ratificam que o texto não deve sofrer alterações, como pretendia o presidente Jair Bolsonaro, com a desidratação da PEC.

Outro fator que contribuiu para a recuperação de ontem foi a alta no mercado internacional, tanto europeu como nos Estados Unidos. “Isso deu um pouco de alívio para o mercado brasileiro”, afirmou Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos.

Vale ressaltar que no final da tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu julgar ainda hoje a suspeição do ex-juiz, Sergio Moro, por sua suposta parcialidade contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula. A pandemia continua no radar. Este mês de março deve ser o mais complicado para o País, segundo a BBC.

O dólar comercial fechou em alta de 0,25% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7920 para venda, renovando o maior valor de encerramento desde 15 de maio de 2020 (quando fechou a R$ 5,8410), em sessão de volatilidade e descolamento do exterior. O risco político no mercado doméstico prevaleceu ao longo da sessão em meio ao receio de que a PEC Emergencial fosse “desidratada” na Câmara dos Deputados e com a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer as eleições de 2022. Já o contrato futuro firmou queda ao longo da sessão em correção após subir mais de 3% ontem, a R$ 5,88.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, ressalta que a moeda estrangeira ficou pressionada refletindo a preocupação do mercado com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, ontem em anular todas as condenações envolvendo o ex-presidente Lula na Operação Lava Jato, o que torna o petista elegível a cargos políticos.

“Além de um receio com uma possível diluição da PEC Emergencial, a ser votada amanhã na Câmara. Os dois assuntos aumentam a percepção de risco para os investimentos no Brasil e atrasam ainda mais a agenda econômica e de reformas no Congresso”, avalia.

Sobre a PEC Emergencial, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que a maioria dos deputados que compõem a base do governo é favorável a aprovar a matéria sem alterações, o que autoriza a retomada dos pagamentos do auxílio emergencial em troca da introdução de dispositivos que facilitam o ajuste das contas públicas.

Amanhã, o destaque na agenda de indicadores fica para os números de inflação na China – hoje à noite – e nos Estados Unidos. “Os dados de inflação, principalmente nos Estados Unidos, são bem importantes para o momento em que se discute uma possível alta da taxa de juros pelo banco central norte-americano [Federal Reserve]”, ressalta a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.

Ela acrescenta que as declarações do ex-presidente Lula em entrevista coletiva prevista para o fim da manhã têm força para fazer preço nos ativos locais. “Se ele der uma sinalização de que pode sim se candidatar em 2022, tem força para pegar no mercado”, diz. Além disso, a PEC Emergencial poderá ser votada em primeiro turno amanhã.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) apagaram a queda que vinha sendo apresentada desde o início da tarde e encerraram o dia em leve alta após uma sessão de intensa volatilidade na qual os investidores voltaram a embutir os riscos fiscais e políticos antes da próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), marcada para 17 de março.

Diante disto, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 4,01%, de 3,99% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,800%, de 5,775%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,38%, de 7,40% ontem; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,03%, de 8,01%, na mesma comparação.

As ações de pesos pesados da tecnologia deram um salto, ajudando o Nasdaq a terminar a sessão em seu melhor desempenho em quatro meses, um dia depois de entrar em território de correção. O Dow Jones e o S&P 500 pegaram carona nesse avanço e também fecharam o dia em alta.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,10%, 31.832,74 pontos

Nasdaq Composto: +3,68%, 13.073,80 pontos

S&P 500: +1,41%, 3.875,44 pontos