São Paulo – A BR Malls disse que espera um retrocesso nos resultados de curto prazo, mas está confiante nos seus fundamentos e nas estratégias adotadas nos últimos anos e que, num curto espaço de tempo, com o avanço da vacinação, espera retomar aos níveis de 2019.
“Temos 12 shoppings abertos hoje, de um total de 31, que representam 57% da nossa receita bruta (NOI), mas é claro que será um retrocesso, pelo menos no primeiro trimestre. É uma pena, por que os shoppings deram show de organização, seguiram protocolos, mas essas restrições acabam afetando todos as áreas. Esperamos uma dificuldade no primeiro trimestre, mas já tivemos um aprendizado e isso vai ajudar os lojistas e a companhia a operar”, disse Ruy Kameyama, presidente da companhia, em teleconferência com investidores.
A companhia manterá a sua estratégia de investir na melhoria de seu portfólio de shoppings e lojas e no fortalecimento de sua posição financeira para alcançar boa capacidade de investimentos. A companhia vendeu 15 shoppings nos últimos anos seguindo esse plano.
“Os nossos resultados de 2020 mostraram que as vendas retornam naturalmente com a flexibilização de medidas de distanciamento para controle da pandemia”, afirmou.
O executivo destacou que a combinação vacina, taxa Selic e digitalização do varejo está animando investidores a considerar a abertura de novas lojas.
“A nossa estratégia de digitalização não é para criar um novo negócio, mas para destravar o potencial que já temos para oferecer melhores ofertas, reduzir perdas e monetizar a nossa base de clientes com programa de fidelização”, explicou.
A BR Malls também está investindo em mídia digital própria e avalia que é uma área estratégica para o negócio da empresa devido à alta recorrência e capilaridade de marcas em seus centros comerciais.
“A receita de mídia é importante para os lojistas pois ajuda a monetizar os clientes e melhorar a assertividade das ações e nos ajuda a criar valor dentro dos ativos que temos dentro da companhia.”
Em relação ao futuro dos cinemas e entretenimento, o executivo disse que espera uma explosão de demanda reprimida após a flexibilização das medidas de distanciamento, mas que também avalia medidas de readequação de mix.
“Acho que haverá uma explosão de demanda para cinema, entretenimento e jogos após a pandemia, mas, até lá, conseguimos facilmente adaptar, em nosso portfólio, os espaços para outras áreas, em caso de fechamento de salas. Já fizemos ajustes de mix durante a pandemia, mas é preciso esperar se haverá demanda para cinemas no futuro”, respondeu.
Em sua apresentação, o executivo disse que o peso do estado de São Paulo em seu portfólio de shopping centers se igualou ao do Rio de Janeiro com o aumento de participação realizado nos shoppings Villa Lobos e Piracicaba, em São Paulo, e a venda de participação no Via Brasil, no Rio de Janeiro.
Em 2020, a companhia fortaleceu o caixa com emissões de NP e CCB, no valor de R$ 700 milhões e uma emissão de debêntures de R$ 500 milhões, entre outras ações.
A companhia encerrou o ano passado com 96,4% de taxa de ocupação. A taxa de inadimplência aumentou 6,0 pontos percentuais, de -0,5%para 5,5% na comparação anual e a taxa de os pagamentos em atraso chegou a 11,5% no último trimestre, de 3,8% no último intervalo de 2019.
A empresa registrou queda de 23,8% nas receita líquida e de 24,8% no receita bruta dos shoppings (NOI, na sigla em inglês) na comparação entre o quarto trimestre de 2020 com o mesmo intervalo de 2019.
A companhia disse que a alavancagem foi mais impactada pela queda do ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), de 65,3% e 42,1% em base ajustada, na comparação trimestral, do que na dívida líquida, que aumentou de R$ 2,7 bilhões para R$ 3,8 bilhões na mesma base de comparação.