São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) vai manter seu programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) flexível de acordo com condições de mercado, e pode levar algum tempo até que a aceleração no ritmo de compras se torne aparente, disse a presidente da instituição, Christine Lagarde.
“Embora os registros de nossas compras semanais continuem a ser distorcidos por fatores barulhentos de curto prazo – como resgates ocasionalmente irregulares – o aumento na taxa de execução de nosso programa se tornará visível quando verificado em intervalos de tempo mais longos”, disse ela, em depoimento à Comissão dos Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu.
Na semana passada, o BCE anunciou que “espera que as compras ao abrigo do PEPP no próximo trimestre sejam efetuadas a um ritmo significativamente superior do que durante os primeiros meses deste ano”, para evitar riscos de aperto nas condições de financiamento.
No depoimento ao Parlamento, Lagarde disse que, “se consideráveis e persistentes, aumentos nas taxas de juros de mercado, quando deixados sem controle, podem se tornar inconsistentes com o combate ao impacto descendente da pandemia na trajetória projetada da inflação”.
Ela reiterou que o Conselho do BCE fará o que for necessário, dentro de seu mandato, e exploraria todas as opções para apoiar a economia durante este choque. “Mas não há espaço para complacências – o BCE continuará a cumprir o seu mandato e a apoiar a recuperação com todas as medidas adequadas”.
Com relação às perspectivas econômica, a presidente do BCE disse que a situação agora está melhor do que há um ano, quando o banco lançou o PEPP, e que deve melhorar ainda mais ao longo de 2021, citando a recuperação da demanda global e as medidas orçamentais adicionais.
Além disso, as campanhas de vacinação e o relaxamento gradual das medidas de contenção sustentam “a expectativa de uma recuperação firme da atividade econômica no segundo semestre de 2021”. O BCE prevê alta de 4% no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, 4,1% em 2022 e de 2,1% em 2023.
“Os riscos em torno das perspectivas de crescimento da xona do euro a médio prazo tornaram-se mais equilibrados”, disse ela. Por sua vez, “os riscos negativos permanecem no curto prazo, principalmente relacionados à propagação de mutações” e as implicações da pandemia nas condições financeiras.
Com relação à inflação, o BCE prevê alta de 1,5% em 2021, de 1,2% em 2022 e de 1,5% em 2023. “Continuaremos a monitorar a evolução da taxa de câmbio em relação às suas possíveis implicações para as perspectivas de inflação no médio prazo”, disse ela.
“Estamos prontos para ajustar todos os nossos instrumentos, conforme apropriado, para garantir que a inflação se mova em direção ao nosso objetivo de forma sustentada, em linha com nosso compromisso com a simetria”, concluiu.