São Paulo – A recuperação da economia dos Estados Unidos está avançando de forma mais rápida do que o esperado e está se fortalecendo, mas está longe de ser finalizada e a atividade continua fraca, disse o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell.
“A recuperação progrediu mais rapidamente do que geralmente se esperava e parece estar se fortalecendo”, afirmou Powell, em texto preparado para discurso e divulgado antes de seu depoimento hoje perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos.
“Hoje a situação melhorou muito”, disse ele, citando a ação “rápida e vigorosa” do Fed, do Congresso, do governo e do setor privado. “Mas a recuperação está longe de ser finalizada, então, no Fed, continuaremos dando à economia o apoio de que ela precisa pelo tempo que for necessário”.
Segundo ele, “os setores da economia mais adversamente afetados pelo ressurgimento do vírus e pelo maior distanciamento social permanecem fracos, e a taxa de desemprego – ainda elevada em 6,2%o – subestima o déficit, especialmente porque a participação no mercado de trabalho permanece notavelmente abaixo dos níveis de antes da pandemia”.
Powell disse que comemora os avanços, “mas não perderemos de vista os milhões de norte-americanos que ainda sofrem, incluindo trabalhadores de baixa renda no setor de serviços, afro-americanos, hispânicos e outros grupos minoritários que foram especialmente atingidos”.
O presidente do Fed ressaltou que as ações do banco central ajudaram a liberar mais de US$ 2 trilhões em financiamento para apoiar empresas grandes e pequenas, organizações sem fins lucrativos e governos estaduais e locais entre abril e dezembro.
Ele ressaltou que muitos programas foram apoiados pela Lei de Auxílio ao Coronavírus, Socorro e Segurança Econômica (Cares, na sigla em inglês), agora encerrada, e que o Fed retornou a grande maioria do patrimônio da Lei Cares ao Tesouro, conforme exigido por lei.
“Nossas outras linhas de crédito de emergência estão seguindo o mesmo processo iminentemente, embora recentemente tenhamos estendido o PPPLF (Linha de Crédito do Programa de Proteção ao Salário) por mais um trimestre para continuar a apoiar o PPP (Programa de Proteção ao Pagamento)”, disse.
Por fim, ele afirmou que tudo o que o Fed faz está a serviço de sua missão pública. “Estamos empenhados em usar toda a nossa gama de ferramentas para apoiar a economia e ajudar a garantir que a recuperação deste período difícil seja o mais robusta possível em nome das comunidades, famílias e empresas em todo o país”, concluiu.
INFLAÇÃO
Durante as perguntas e repostas, Powell foi questionado sobre a inflação e voltou a avisar que o banco central norte-americano não reagirá a um aumento isolado de preços, que deve acontecer conforme o processo de vacinação contra a covid-19 avança e a economia vai sendo reaberta.
“A inflação deve acelerar este ano. Conforme a economia vai reabrindo, deve haver uma explosão de consumo, com pico de preços. Mas não reagiremos a um movimento isolado de aumento de preços”, disse ele ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados.
Em agosto do ano passado, o Fed anunciou uma nova estratégia para a inflação, permitindo que a taxa supere a meta de 2% ao ano por algum tempo para compensar períodos em que esteve muito baixa. Na ocasião, o banco central norte-americano também indicou que não usaria mais a queda da taxa de desemprego como gatilho para o ajuste da taxa de juros.
O mercado vem especulando sobre um aumento antecipado da taxa básica – atualmente na faixa entre zero e 0,25% ao ano – em um movimento que tem sido visto nos juros dos títulos do Tesouro, que deram um salto nas últimas semanas, renovando máximas. Os investidores acreditam que o ritmo mais acelerado da recuperação econômica vai provocar uma aceleração da inflação e, por consequência, fará o Fed elevar a taxa básica.
Powell, no entanto, reforçou a mensagem de que segue comprometido em atingir a estabilidade de preços e o pleno emprego. “Seguimos fortemente comprometidos com nosso mandato duplo. A inflação vai acelerar este ano e superar a meta e isso não é um problema dentro da nossa estratégia. Se for necessário, o Fed tem ferramentas para lidar com preços mais altos”, afirmou.
Texto atualizado às 18h20