MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

580

São Paulo – O Ibovespa operava com volatilidade entre perdas e ganhos logo na abertura dos negócios. Por volta das 11h (horário de Brasília), começou a apresentar ligeira alta e sobe com os investidores digerindo as mudanças no ministério do governo Jair Bolsonaro. Ontem houve a troca de seis ministros, entre eles Ernesto Araújo que deixou a pasta de Relações Exteriores. A saída dele foi vista com bons olhos pela comunidade internacional.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 1,06%, aos 116.650,96 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2021 apresentava avanço de 0,98%, aos 116.690 pontos.

Analistas da CM Capital disseram que a “mudança nos ministérios apresentou médio impacto caracterizada pela surpresa e contra-ataque do presidente”, mas indicaram receio com a escolha da deputada Flávia Arruda (PL-DF) para ocupar a Secretaria de Governo, órgão responsável pela articulação política com o Congresso.

A economista Ariane Benedito, da CM Capital, aponta que a bolsa brasileira pode acabar subindo no decorrer do dia por causa do otimismo no mercado internacional com a expectativa de recuperação da economia global.

Outro ponto favorável foi o resultado positivo do Caged (Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados), que mostrou a abertura de 401.639 postos de trabalho com carteira assinada em fevereiro. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a economia está se recuperando mais rápido em relação ao mercado formal de trabalho.

Para o analista João Vitor Freitas, da Toro Investimentos, o mercado sinalizou que gostou da reforma ministerial. “A proximidade do governo com o Congresso acabou agradando e agora a gente começa a pensar na correção do orçamento fiscal, que alivia um pouco a questão fiscal”. O quadro fiscal do Brasil ainda é complicado, para o analista “qualquer fator negativo em relação a isso pesa bastante, principalmente o câmbio.”

O dólar comercial exibe forte volatilidade na primeira parte dos negócios, e agora opera em queda, influenciado pelo cenário doméstico após a reforma ministerial promovida pelo presidente Jair Bolsonaro ontem, mas calibrando declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o teto de gastos e o novo avanço dos rendimentos das taxas de juros futuros dos títulos do governo norte-americano, as treasuries.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,22%, cotado a R$ 5,7540 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2021 apresentava recuo de 0,51%, cotado a R$ 5,753.

“A moeda engatou uma alta reagindo à uma fala do Paulo Guedes sobre o teto de gastos. O mercado não aceita furar o teto. Por isso, a moeda foi a R$ 5,80”, comenta o diretor de uma corretora nacional. Há pouco, Guedes declarou que os acordos políticos têm que caber dentro do orçamento público para o governo honrar o compromisso com a saúde e com a responsabilidade fiscal.

“É importante que haja uma interação entre o Congresso e a economia. É importante que os entendimentos políticos caibam nos orçamentos públicos e assim, se cumpra o duplo compromisso com a saúde e a responsabilidade orçamentária. O que não quer dizer que o que tem relação com a covid-19 tenha que ficar estritamente dentro do teto, mas sim, tem que ter valor definido, propósito específico e ser extraordinário, e não gastos permanentes”, disse o ministro.

Para o analista da Toro Investimentos, João Vitor Freitas, a tendência é de volatilidade na taxa de câmbio. Ele avalia que o mercado viu “de forma positiva” as mudanças feitas por Bolsonaro nos ministérios. “Essas trocas mostram que o governo está mais perto do Congresso e, consequentemente, do Centrão. O que pode destravar a agenda de reformas. Essa proximidade está beneficiando um pouco o real”, comenta.

Ele acrescenta que, enquanto isso, as moedas de países emergentes perdem para o dólar em linha com o avanço dos rendimentos das treasuries, ao maior nível desde janeiro do ano passado. “Lá fora, o questionamento é até quando o Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] vai conseguir segurar uma política acomodatícia, visto que há um receio de pressão inflacionária. Esse receio reflete nessa nova alta dos juros lá”, diz.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam mistas em um momento no qual analistas políticos ainda tentam avaliar o impacto da dança das cadeiras promovida ontem pelo presidente Jair Bolsonaro diante de um cenário de pressão inflacionária e crise sanitária fora de controle. Uma elevação maior das taxas, especialmente no trecho longo da curva, é contida pela queda do dólar à vista e pelo apetite por risco refletido na alta do Ibovespa

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 4,685%, de 4,705% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,545%, de 6,560%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,19%, de 8,17% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,77%, de 8,77%, na mesma comparação.