São Paulo – O pregão de hoje mostra mais um dia de volatilidade. O Ibovespa abriu em queda e por volta das 12h50 (horário de Brasília), o principal índice da B3 mudou de direção e apontava ganho acompanhando a melhora das bolsas norte-americanas. No início da tarde o índice opera perto da estabilidade, com ligeiro viés de alta.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 0,02%, aos 118.345,69 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,5 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2021 apresentava avanço de 0,11%, aos 118.380 pontos.
Pela manhã, o analista da Régis Chinchila, da Terra Investimentos, afirmava que a retração na Bolsa era atribuída ao impasse em relação ao Orçamento de 2021 “A indefinição do texto orçamentário gera incerteza ao investidor somado à questão da CPI da Covid que acaba adicionando pressão ao governo e travando as pautas no Congresso”, comenta.
No entanto, para a economista da CM Capital, a decisão da corte “ficou para segundo plano” na agenda do mercado, disse. Ontem o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), pelo Senado, para investigar as ações e omissões do governo federal em relação à pandemia. O presidente do Senado mostrou insatisfação à determinação da Corte.
Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar comercial sobe mais de 1% frente ao real e busca os R$ 5,65 em linha com o exterior, onde a moeda ganha terreno frente às divisas pares e de países emergentes em viés de correção e aversão ao risco, o que reflete em alta também dos rendimentos das taxas futuras de juros dos títulos do governo norte-americano, as treasuries. Aqui, investidores seguem atentos aos desdobramentos em torno das negociações do Orçamento de 2021.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,63%, cotado a R$ 5,6650 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em maio de 2021 apresentava avanço de 1,73%, cotado a R$ 5,672.
O diretor de câmbio de uma corretora nacional reforça que o movimento local acompanha o fortalecimento do dólar no exterior, apoiado pelo avanço das treasuries, no qual o vencimento de 10 anos (T-Note) avança acima de 1,65%. “Fatores locais em relação ao imbróglio do Orçamento também pesam nos negócios”, comenta.
A equipe econômica da XP acrescenta que, ontem, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer que o poder Executivo e o Congresso estão mais próximos de um acordo sobre a proposta orçamentária.
“Autoridades do Ministério da Economia insistem na necessidade de veto do presidente, uma vez que o Orçamento é juridicamente e economicamente inexequível da forma como foi aprovado”, avalia, acrescentando que parlamentares, porém, afirmam que o governo estava ciente de todas as mudanças feitas durante a tramitação da pauta e por isso, não aceitariam qualquer veto.
Aqui, saiu o resultado da inflação oficial do país em março, alta de 0,93%, um pouco abaixo da expectativa do mercado. Porém, o resultado foi o maior para o mês em seis anos, enquanto no acumulado de 12 meses, houve uma aceleração para 6,10%, estourando o teto da meta de 5,25% perseguida pelo Banco Central (BC).
Ontem, o diretor de política econômica do BC, Fabio Kanczuk, reforçou que a autoridade monetária subirá a taxa Selic em 0,75 ponto percentual (pp) no mês que vem, patamar já contratado na ata da última reunião de política monetária. O economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito, pondera que, apesar “dos sinais do BC”, há muito “em jogo” até o dia da reunião – em maio. “Nesse sentido, nos parece que a opinião média irá exigir mais juros até o fim do mês. Seguimos com a projeção de alta de 1,00 pp”, acrescenta.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta, acompanhando a apreciação do dólar em relação ao real em um dia no qual os investidores reagem à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) ordenando ao Senado com instale uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar falhas na reação do governo à pandemia.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 4,675%, de 4,63% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,515%, de 6,39%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,21%, de 8,10% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,84%, de 8,74%, na mesma comparação.