Brasília – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu aumentar, pela segunda vez consecutiva, a taxa básica de juros, a Selic, em 0,75 pp, a 3,50% ao ano (aa). O comunicado emitido pelo Comitê na decisão de março já indicava que poderia haver novo aumento da taxa básica de juros. A decisão, que foi unânime, ficou em linha com a previsão das 23 instituições financeiras consultadas pela Agência CMA.
Segundo análise da Tendências, 0 movimento foi amplamente sinalizado pela autoridade monetária desde seu último encontro, refletindo uma piora das expectativas de inflação e da necessidade de reposicionar a Selic em patamares mais condizentes com o atual contexto econômico interno e externo.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, nas próximas reunião, em junho, a autoridade deverá se manter austera contra o avanço das expectativas de inflação, afirmando que o ritmo de avanço da Selic parece adequado.
O Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou que a atividade econômica brasileira mostra uma evolução mais positiva do que o esperado apesar da segunda onda da pandemia ter tido um impacto também acima do esperado. O comitê ponderou ainda que ainda há incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia.
“Em relação à atividade econômica brasileira, indicadores recentes mostram uma evolução mais positiva do que o esperado, apesar da intensidade da segunda onda da pandemia estar maior do que o antecipado. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia ainda permanece acima da usual, mas aos poucos deve ir retornando à normalidade”, avaliou o documento.
Em relação ao cenário de inflação, o comitê avaliou que medidas que tem sido tomadas para controlar a inflação são compatíveis com a meta perseguida pelo Banco Central. Entretanto, o comitê ponderou que o cenário de inflação ainda apresenta riscos em ambas as direções.
O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.
“Por um lado, o processo de recuperação econômica dos efeitos da pandemia pode ser mais lento do que o estimado, produzindo trajetória de inflação abaixo do esperado. Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem pressionar ainda mais os prêmios de risco do país”.
O comitê reiterou ainda que “perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”.
Para próxima reunião, o comitê ponderou que deve manter o processo de ajuste da taxa básica de juros na mesma magnitude desta reunião, mas ressaltou que o ajuste depende da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude. O Copom ressalta que essa visão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”.