São Paulo – Após operar todo o dia com muita volatilidade, entre altas e baixas, o Ibovespa encerrou os negócios em leve alta de 0,29%, aos 119.920,61 pontos, perto da máxima do dia-119.966,42 pontos.
As incertezas políticas, a repercussão da elevação da taxa básica de juros (Selic) em 0,75 pp, para 3,50% ao ano, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) para a conter a inflação e o acompanhamento dos resultados corporativos ficaram no foco dos investidores no pregão de hoje.
Antonio Ruiz Molina Montiel Jr, sócio e diretor educacional da mesa proprietária Axia Investing, afirmou que “a Bolsa tem uma perspectiva de muita volatilidade com a CPI da Covid e o possível fatiamento da reforma tributária [essa divisão da proposta é defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e sustentada pela equipe econômica], que não sabemos se será positiva ou negativa”.
O sócio e diretor educacional da mesa proprietária da Axia Investing ressaltou que “a alta na Bolsa ontem foi entendida como uma correção”, após chegar aos 121 mil pontos e ficar estacionada no mês de abril.
Os analistas da Ativa Investimentos comentaram que os investidores “repercutiram a elevação da Selic para o patamar de 3,50% e a expectativa de novo aumento na próxima reunião”.
Na avaliação dos analistas da Terra Investimentos, o Ibovespa caiu “com dados da reunião do Copom, enquanto a Vale (VALE3) segurou evitando queda mais acentuada”. Os papéis da Vale (VALE 3) fecharam em alta de 3,92% após minério atingir US$ 200 com problemas comerciais com a China, mas o destaque fica para as ações da Ambev (ABEV3) que avançam mais de 8% com o “resultado robusto”, afirmam os analistas da Terra Investimentos.
O lucro líquido da Companhia de Bebidas das Américas -Ambev – registrou lucro líquido de R$ 2,73 bilhões no 1T21, 125,7% acima do mesmo período do ano passado, de R$ 1,21 bilhão.
Por outro lado, as ações da Petrobras (PETR3 e PETTR4), que têm importante peso no índice, apresentaram retração e fecharam em baixa 1,41% e 1,38%, respectivamente com a queda do petróleo no mercado internacional de mais de 1%. Outro papel com grande peso no Ibovespa que caiu foi do Itaú (ITUB4) -0,61%.
Hoje os investidores acompanharam o depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid, no Senado, que apura as ações e omissões do governo no combate à pandemia. O depoimento do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, que seria hoje foi transferido para próxima terça-feira.
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de ontem em elevar a Selic (taxa básica de juros) em 0,75 ponto percentual (pp), para 3,50% ao ano, teve impacto direto no preço do dólar comercial na sessão de hoje, recuando 1,60%, sendo negociado a R$ 5,2780 para venda.
Na avaliação dos agentes de mercado consultados pela Agência CMA, a decisão tende a achatar a curva de juros e a aliviar a pressão sobre o real. Eles ressalvam, entretanto, que o ritmo do avanço da moeda brasileira tende a ser mais moderado em relação aos ganhos recentes antes o dólar.
Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos, observou que o fato de o Copom já ter contratado uma nova alta de 75 pontos-base na reunião de junho alia-se ao exterior positivo às moedas emergentes para fortaelecer ainda mais o real ante o dólar.
Para os analistas do banco Barclays, o aperto monetário promovido pelo BC deve continuar dando suporte ao real. “A moeda valorizou-se com o alívio proporcionado pela solução do impasse em torno do Orçamento de 2021”, avalia o Barclays.
Com isso, o real encontra-se no momento mais próximo do seu preço justo, prossegue o banco inglês, o que deve levar a ganhos mais moderados do que os observados ao longo do último mês.
Para a equipe da Correparti Corretora de Câmbio, o dólar comercial operou majoritariamente em queda nesta sessão de quinta-feira e teve como principais indutores a fragilidade da moeda americana no mundo, principalmente frente as divisas emergentes e ligadas às commodities.
“Internamente houve um movimento de desmonte de posições defensivas por parte dos participantes deste mercado em função da decisão de ontem a noite da alta da Selic e pela comunicação por parte do BC de um novo aperto monetário da mesma magnitude na próxima reunião, o que ajuda a colocar o Brasil de volta no radar dos investidores estrangeiros”, afirmou comentário assinado por Jefferson Rugik, da Correparti.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) viraram no fim da sessão e fecharam em leve alta um dia depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) ter-se decidido pela elevação da a taxa Selic em 75 pontos-base, para 3,50% ao ano.
Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 4,800%, de 4,785% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,550%, de 6,485%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,03%, de 7,95% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,65%, de 8,57%, na mesma comparação.
Após flutuarem ao longo da sessão, os principais índices do mercado de ações norte-americano se firmaram em campo positivo para terminar o dia em alta, embalados pelos sinais de contínua recuperação do mercado de trabalho e também pelos resultados trimestrais das empresas. O Dow Jones deu sequências aos recordes, fechamento mais uma vez em máxima.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,93%, 34.548,53 pontos
Nasdaq Composto: +0,37%, 13.632,80 pontos
S&P 500: +0,81%, 4.201,62 pontos