Bolsa sobe e dólar cai com otimismo externo

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São Paulo – A Bolsa operou todo o dia em campo positivo, com a agenda econômica nos Estados Unidos esvaziada, o setor corporativo deu o ritmo nos negócios. As ações da mineradora Vale, que sofreram com a queda dos últimos dias, e das instituições financeiras empurraram o Ibovespa.

O principal índice da B3 fechou com ganho de 0,81% e chegou a pontuar mais de 124 mil pontos, encerrando o pregão a 123.989,17   pontos. A máxima intraday foi de 124.255,69 pontos e a mínima 122.987,79 pontos. O giro financeiro atingiu R$ 29,2 bilhões.

As ações da Vale (VALE 3) chegaram apresentar queda no início do pregão mas reverteram a direção e fecharam em alta de quase 3%. Circularam rumores como mercado de que bancos estrangeiros estariam comprando ações da Vale.

Os papéis dos bancos Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) avançaram mais de 1%; Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e aceleraram mais de 2%.

O analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, comenta que “a Vale continua sendo a ação mais negociada no Ibovespa”. Hoje foram negociadas no pregão 28 milhões de ações da mineradora no total de R$ 2,9 bilhões, em segundo lugar ficou a Petrobras com 46 milhões em ações, no valor R$ 1,3 bilhões e, em seguida, a Azul com 22 milhões de ações no montante de R$ 970 milhões. Por último foram comercializadas 38,6 milhões em papéis do Bradesco PN, a R$ 962 milhões.

Para os analistas da Terra Investimentos “nos últimos dias os investidores estão realizando lucros  nas empresas ligadas às commodities e procurando oportunidades em outros setores como bancos, varejistas, aéreas e alimentos”.

Os destaques de alta no Ibovespa foram as empresas GOL (GOLL4) e Azul (AZUL 4), que sobem mais de 7% e mais de 11%, respectivamente. As ações da Azul são favorecidas pela notícia de que a companhia aérea está pronta para buscar aquisições no setor e as projeções para a Gol são mais otimistas, uma vez que haja avanço na vacinação no Brasil.

O Brasil criou 120.935 empregos formais em abril, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), resultado da criação de 1.381.767 postos de trabalho e de 1.260.832 demissões. A mediana de projeções, segundo analistas da Sul América, era 155 mil vagas criadas. Apesar de ter ficado abaixo do mercado, não impactou negativamente no índice.

Mais cedo, a fala de Randal Quarles, integrante do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), sinalizando que está aberto para debater o programa de ativos soou positivo no mercado. Os membros do Fed têm apontado que a inflação no país norte-americano é “transitória”.

O estrategista Filipe Villegas, da Genial Investimentos, comenta que os investidores devem focar nas notícias locais e no corporativo “o mercado atual é desafiador com volatilidade, incertezas e oscilações entre altas e baixas, por mais que haja uma leve percepção de ativos de risco.”

Os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 convocaram nove governadores para depor na Comissão e o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, serão ouvidos novamente.

O dólar comercial fechou em queda de 0,46% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3120 para venda, em sessão de volatilidade, em linha com o movimento das principais moedas de países emergentes que ganharam terreno em boa parte do pregão em relação à moeda norte-americana. Aqui, um movimento de ajuste técnico, além da entrada de um fluxo de recursos estrangeiros na bolsa brasileiro (B3), ajudaram a sustentar a queda do dólar.

O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, reforça que o ingresso de um fluxo positivo de recursos estrangeiros “pela via financeira” ajudou na queda da moeda no mercado doméstico. A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, destaca a lateralidade da moeda na sessão e ao longo da semana aqui e lá fora.

“Conforme vão sendo divulgados os discursos dos dirigentes do Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano], o mercado vai oscilando”, comenta, acrescentando que o debate em torno da taxa de juros nos Estados Unidos em meio ao comportamento da inflação norte-americana tem elevado a pressão na taxa de câmbio. “Mesmo com os membros do Fed reforçando que a pressão inflacionária no país ‘é transitória'”, diz.

Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque fica para a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre, no qual, para a economista da Veedha, tem força para fazer preço, junto aos dados semanais de pedidos de seguro-desemprego no país. Segundo Gomes, o indicador tem potencial para alavancar a moeda, caso o resultado gere “inquietação” nos investidores.

As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) encerraram a sessão em queda, com os investidores ainda repercutindo a diminuição da pressão inflacionária nos dados do IPCA-15, divulgados ontem, em meio a uma melhora do apetite por risco no exterior e à percepção de que a CPI da pandemia tornou-se uma espécie de cortina de fumaça para o avanço da agenda de concessões e reformas que andava estagnada em Brasília.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 4,985%, de 5,005% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,645%, de 6,71%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,06%, de 8,15% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,68%, de 8,75%, na mesma comparação.

A reabertura econômica voltou a ditar o ritmo das negociações em Wall Street, colocando em segundo plano as preocupações dos investidores com a aceleração da inflação nos Estados Unidos e beneficiando setores que foram muito prejudicados pela pandemia de covid-19.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,03%, 34.323,05 pontos

Nasdaq Composto: +0,59%, 13.768,00 pontos

S&P 500: +0,18%, 4.195,99 pontos