São Paulo – O Ibovespa opera com volatilidade entre perdas e ganhos, após abrir em alta repercutindo os dados de Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, indicador de inflação ao consumidor e pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos. Os investidores seguem acompanhando o debate em torno da política de estímulos nos Estados Unidos.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,31%, aos 123.597,99 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,9 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2021 apresentava recuo de 0,09%, aos 123.775 pontos.
O Produto Interno Bruto (PIB)nos Estados Unidos cresceu 6,4% à taxa anualizada no primeiro trimestre, abaixo das expectativas dos analistas, de +6,6%, de acordo com o Departamento do Comércio.
O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), usado como referência pelo banco central do país para medir inflação, aumentou 3,7% no trimestre em base anualizada, após alta de 1,5% no primeiro trimestre.
O núcleo do índice avançou 2,3% no primeiro trimestre, após aumento de 1,3% nos três meses anteriores.
Os pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos caíram em 38 mil para 406 mil, na semana encerrada em 22 de maio, após registrar 444 mil na semana anterior.
Na avaliação da analista Bruna Amalcaburio, da Top Gain, a Bolsa está muito volátil porque se aproxima do topo histórico, batendo perto dos 126 mil pontos [o maior nível de pontuação foi em 8 de janeiro, aos 125.323,53 pontos e o índice futuro 126.688 pontos]. “Há bastante indecisão no mercado, principalmente porque temos Vale (VALE3) e mineradoras subindo e os bancos estão fazendo hoje um movimento de correção”, avalia.
Pelo segundo dia consecutivo, as ações da Vale (VALE3) sobem mais de 1% e os papéis do setor financeiro, como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC3 e BBDC4) caem mais de 1% e Banco Inter (BIDI4) perdem mais de 2%.
No Brasil, os investidores digerem o resultado da taxa de desocupação, que subiu 14,7% no primeiro trimestre e atinge 14,8 milhões de brasileiros. O resultado ficou de acordo com a mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA, de 14,7%.Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) “O dado ficou dentro das expectativas porque já estava precificado e não deve mexer com a Bolsa”, afirma o Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest.
Na véspera, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram que o Brasil criou 120.935 empregos formais em abril. E o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem que vai criar um novo programa de incentivo à qualificação de mão de obra para jovens.
O dólar comercial acelerou as perdas frente ao real e renova mínimas sucessivas ao redor do patamar de R$ 5,25 em meio ao ambiente doméstico mais positivo, mas com movimento descolado do exterior, onde as moedas de países emergentes oscilam sem direção única e a divisa norte-americana opera com leves perdas em relação aos pares.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,64%, cotado a R$ 5,2780 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em junho de 2021 apresentava recuo de 0,69%, cotado a R$ 5,278.
O economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, destaca que o resultado do principal indicador da sessão “não teve surpresa”. A segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos mostrou crescimento de 6,4% no primeiro trimestre do ano, não havendo alteração em relação à leitura preliminar do indicador. O resultado, porém, ficou abaixo das previsões dos analistas, de +6,6%.
Jaconeli reforça que investidores estão à espera do número do índice de preços para os gastos pessoais (PCE) norte-americano, que sai amanhã. Ainda no exterior, ele reforça que algumas commodities estão com desempenho um pouco melhor, o que deixa o movimento das moedas emergentes, misto e com viés de correção.
Aqui, o economista ressalta que o ambiente é mais positivo com o avanço iminente das reformas administrativa e tributária, enquanto há expectativa para uma nova alta da taxa básica de juros (Selic) no mês que vem.
“O mercado espera mais uma alta de 0,75 ponto percentual, principalmente, após o dado abaixo do esperado do IPCA-15 [prévia da inflação oficial do país]. O resultado fechado do mês deve vir em linha com o número preliminar”, diz, acrescentando que as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, em “tom mais pró-mercado” ajudam. “Guedes estava um pouco sumido e voltou. Isso ajuda nesse ambiente doméstico mais positivo”, avalia.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em queda em reação ao resultado do primeiro leilão de títulos públicos realizado pelo Tesouro Nacional após a revisão do Plano Anual de Financiamento (PAF), anunciada ontem.
O recuo é mais acentuado nos vencimentos mais longos diante da demanda integral pelos títulos ofertados. Os contratos dão continuidade ao momento observado na véspera, quando as taxas recuaram depois de o governo ter anunciado a intenção de melhorar o perfil da dívida pública por meio da emissão de mais papéis pós-fixados e de prazos mais longos em reação à deterioração do cenário fiscal em decorrência da pandemia.
Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 4,99%, de 4,985% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,61%, de 6,63%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,97%, de 8,06% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,58%, de 8,68%, na mesma comparação.