São Paulo – O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, negou que realizar a Copa América no Brasil eleve o risco de transmissão da covid-19 no país, argumentando que os protocolos de prevenção, se cumpridos corretamente, neutralizam o potencial aumento de novos casos decorrentes da competição.
“Este evento não é de grandes proporções. É um evento pequeno, com número pequeno de pessoas. Não é uma Olimpíada. Os protocolos que foram apresentados [pela Conmebol] ao Ministério da Saúde são protocolos seguros, que permitem dizer que se forem cumpridos não teremos riscos adicionais aos jogadores que participam da competição”, disse ele.
Os membros da CPI questionaram se os protocolos também protegem outras pessoas envolvidas na competição – os milhares de jornalistas estrangeiros que pediram credenciamento para acompanhar o evento – e a população brasileira, e reiterou que não há elevação dos riscos de transmissão da covid-19 por causa da Copa América.
Ele ressaltou que os jornalistas e quaisquer estrangeiros que pretendem ingressar no Brasil são obrigados a cumprir protocolos para entrar no país – um exame para detectar se estão infectados -, e a partir do momento que estão em território brasileiro devem seguir as orientações e protocolos aqui existentes.
Queiroga também disse que o Ministério da Saúde revisou estudos sobre a prática de competições esportivas durante a pandemia e concluiu que “não consta que esta prática aumente o risco de circulação do vírus que possa colocar em risco a vida dos jogadores ou dos membros da comissão técnica”.
O ministro também disse que todos os jogadores e membros de delegações possuem seguros privados para saúde e que, caso fiquem doentes, não exercerão pressão sobre o sistema de saúde pública.
ORIENTAÇÕES A BOLSONARO
O presidente Jair Bolsonaro foi orientado sobre a necessidade de cumprir os protocolos preventivos contra a covid-19 – nomeadamente o uso de máscaras e o distanciamento social -, mas o cumprimento deste tipo de medida cabe à decisão individual dele, disse Queiroga à CPI.
“As recomendações são para todos os brasileiros sem exceção. O cuidado é individual, o benefício é de todos. O Ministério da Saúde tem de maneira clara se manifestado acerca deste ponto”, disse ele.
Questionado sobre o motivo de Bolsonaro não seguir as recomendações – por exemplo, participando de manifestações a seu favor sem usar máscaras e estimulando a aglomeração de pessoas -, Queiroga disse que “o presidente da República não é julgado pelo ministro da Saúde”.
“As recomendações sanitárias estão postas, cabe a todos aderir a estas recomendações”, e disse ser “evidente” ter conversado com Bolsonaro a respeito do comportamento do presidente, mas que as imagens das manifestações “falam por si”.
Ele comparou a situação com a de médicos que dizem aos pacientes que eles devem parar de fumar, mas que são ignorados. “O médico tem obrigação de meios, não tem obrigação de resultados, E o meu meio é minha voz e a usarei. Isso não quer dizer que vou conseguir”, afirmou.
QUADRO DA COVID NO BRASIL
Queiroga disse também que o Brasil ainda enfrenta um cenário sanitário difícil por causa da covid-19. “Hoje vivemos cenário sanitário que não é tranquilo”, disse o ministro, acrescentando que o número de óbitos no Brasil caiu nas últimas semanas, mas os casos estão crescendo de novo. “Se aumenta os casos, aumentam as internações, aumenta a pressão do sistema de saúde”, afirmou.
A avaliação do ministro é a mesma feita pelos especialistas, mesmo após dados do último fim de semana mostrarem que a média móvel de sete dias de mortes provocadas pela covid-19 atingiu 1.639 no último domingo, o menor nível desde 10 de março.
Assista abaixo o depoimento do ministro da Saúde: