Bolsa fecha em leve alta por dados nos EUA e commodities

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São Paulo – A Bolsa fechou com ligeira alta com os investidores à espera dos dados da inflação ao consumidor nos Estados Unidos e as ações das commodities metálicas e do Itaú impediram que o índice caísse. O principal indicador de desempenho de ações negociadas na B3 encerrou os negócios com ganho de 0,09%, aos 129.906,80 pontos. A máxima no interdiário foi de 130.882,46 pontos e o giro financeiro atingiu R$ 34,3 bilhões.

As ações da Vale (VALE3) avançaram 2,07%. As siderúrgicas como Usiminas (USIM5) subiram 2,55%; Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) aceleraram 2,32% e 2,23%, respectivamente. Os papéis do Itaú fecharam em alta de 1,37%.

Uma fonte que não quis se identificar comentou que o destaque de compra no pregão de hoje ficou para os papéis do Itaú pelo JP Morgan. “A compra foi agressiva. O JP Morgan comprou 8 milhões de ações do Itaú em um montante de R$ 294 milhões e ajuda a manter o índice em alta”.

Os analistas da Ativa Investimentos afirmam que os ativos ligados às commodities metálicas, como Vale, ajudavam a puxar o índice em mais um dia de alta do minério de ferro”.

Eles também destacam que os investidores ficam de olho na reforma administrativa. Hoje foi instalada a comissão especial na Câmara dos Deputados para debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma administrativa. O deputado Fernando Monteiro (PP-PE) será o presidente e o deputado Arthur Maia (DEM-BA) relator.

Para o analista Lucas Carvalho, da Toro Investimentos, “todos os investidores aguardam os dados do CPI [sigla em inglês para índice ao consumidor] nos Estados Unidos. Na divulgação passada gerou muito estresse porque veio muito acima do esperado e coloca aquele receio sobre a atuação do banco central norte-americano”.

No período da manhã, a Bolsa abriu sob impacto do Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima das estimativas do mercado [subiu 0,83% em maio, avançando ante o mês anterior, que apontou alta de 0,31%] e provocou uma volatilidade no mercado.

De acordo com o analista da Toro Investimentos, com o resultado do IPCA de maio “as apostas para a elevação da taxa de juros podem mudar. Devemos fazer o dever do acompanhamento dos indicadores econômicos”.

O analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora afirma que “o IPCA já está precificado pelo mercado e acredita que o Ibovespa mantém tendência de alta”.

Em relação ao cenário político, a medida provisória (MP) da Eletrobras deve ser votada até amanhã ou no máximo até a próxima semana. O senador Marcos Rogério (DEM-RO) disse que deve receber as emendas dos parlamentares para inserir no texto.

O dólar comercial fechou em alta de 0,59% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0700 para venda, em sessão de forte volatilidade aqui e no exterior com investidores em compasso de espera pelo resultado da inflação nos Estados Unidos, além de ajuste técnico no mercado doméstico. Investidores aguardam também as decisões de política monetária de bancos centrais nos próximos dias.

O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca o movimento local de compras por tesourarias de bancos e importadores, na primeira parte dos negócios. “Eles foram atraídos pelo preço ‘barato’ do dólar”, comenta, referindo-se às mínimas da moeda na sessão, ao redor de R$ 5,02. “À tarde, registrou as máximas da sessão ainda pela demanda de compras e com o fortalecimento da divisa no exterior”, ressalta.

O estrategista macroeconômico da XP, Victor Scalet, avalia que o desempenho da moeda acompanhou o exterior à espera dos números da inflação norte-americana, amanhã.

“O mercado entra também em compasso de espera pelos BCs na semana que vem”, diz. Amanhã, tem a decisão do Banco Central Europeu (BCE) e na semana que vem, tem a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do BC brasileiro.

Scalet acrescenta que um movimento “mais técnico” tem segurado a taxa de câmbio próximo dos R$ 5,04. “Tem uma resistência nessa faixa de preço. Mas os fundamentos ainda mostram um real se valorizando”, observa.

O profissional da XP ressalta que amanhã, a decisão do BCE e inflação norte-americana serão os principais “drivers” da sessão e pode adiantar uma leitura sobre o comunicado do Fed na semana que vem, que tem ressaltado que a pressão inflacionária no país é pontual. Após o resultado da inflação doméstica, acima do esperado (+0,83% em maio), Scalet pondera que “está ficando mais claro” que “o ajuste parcial” dado pelo BC na última ata deve ter mudanças no comunicado.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta desde com os investidores reagindo ao forte aumento do Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em maio. Na avaliação de analistas e operadores, o avanço acelerado da inflação tem o potencial de forçar o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) a mudar sua comunicação com o mercado já na ata da reunião da semana que vem.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 5,220%, de 5,115% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,815%, de 6,705%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,84%, de 7,76% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,33%, de 8,29%, na mesma comparação.

As perdas nos setores financeiro, industrial e de consumo acabaram pesando e ofuscando os ganhos em saúde e tecnologia, fazendo com que os principais índices do mercado de ações norte-americano terminassem o dia em baixa, com o S&P 500 ligeiramente abaixo de seu fechamento recorde do início do mês.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,44%, 34.447,14 pontos

Nasdaq Composto: -0,09%, 13.911,80 pontos

S&P 500: -0,18%, 4.219,55 pontos