Investidor vê ESG como mitigador de risco, diz presidente da B3

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São Paulo – O presidente da B3, bolsa de valores brasileira, disse que os investidores estão mais atentos à agenda ESG, sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança, e olham para essas ações como mitigadoras de risco para as empresas investidas.

“O nosso papel é mostrar aos investidores que ainda não se engajaram nessa agenda é que essas ações garantem a perenidade do investimento. Mas atualmente os investidores têm exigido isso”, disse Gilson Finkelsztain, presidente da B3, em transmissão sobre investimentos em ESG.

O executivo disse que a B3 está trabalhando para lançar novos ETF (fundo de índice, ou exchange-traded fund, em inglês) e que disponibiliza ferramentas aos clientes, como o questionário do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), como uma forma de ajudá-los a identificar os gargalos nas áreas ligadas à sustentabilidade – o índice é uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na B3 sob o aspecto da sustentabilidade corporativa.

“Não basta investir em uma das três áreas do ESG, é preciso ter um balanço entre todas as práticas social, ambiental e de governança, que inclui diversidade nas empresas, por exemplo”, concluiu.

A gestora de recursos BlackRock disse que decidiu se posicionar globalmente na área de ESG após a crise financeira de 2008.

“Assumimos o compromisso de ter ativos com ações ESG e atualmente temos US$ 2,8 trilhões em gestão ativa nessas frentes. A principal meta que buscamos atualmente é ter empresas com compromisso ‘net zero’, ou seja, comprometidas em zerar suas emissões de carbono”, disse Carlos Takahashi, presidente da BlackRock no Brasil.

A gestora atua com ETFs locais e disponibiliza fundos com critérios ESG incorporados e, em parceria com XP, oferece fundos de impacto, para investir em empresas que atuam em educação, inclusão social, entre outras frentes.

“O brazilian depositary receipts (BDRs, recibos de ação de empresas estrangeiras negociados no mercado brasileiro) é uma ótima opção atrelada a bolsas e que permite acessar mercados internacionais”, comentou.

“Ser ‘green’ e ESG traz benefícios financeiros para as empresas, os títulos verdes tem ótimos spreads”, comentou Thiago Maffra, presidente da XP Investimentos, que disse que a empresa quer ter 50% do seu portfólio composto por empresas com ações ESG nos próximos dois anos.

“As novas gerações já vêm como DNA mais verde e não querem investir em algumas empresas que não tem essa preocupação”, finalizou.

Nesta semana, a B3, em conjunto com a XP e a BlackRock anunciaram o lançamento de um curso voltado para investidores pessoas físicas sobre o tema.