CPFL pode continuar buscando aquisições em vez de aumentar dividendos

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São Paulo – A compra dos ativos de transmissão de energia elétrica do governo do Rio Grande do Sul na CEEE-T, pela CPFL, na última sexta-feira, não deve afetar os dividendos da companhia. No entanto, a companhia pode continuar buscando oportunidades de crescimento em vez de aumentar os dividendos, apontam análises do Bank of America (BofA) e BTG Pactual, divulgadas hoje.

“As ações da CPFL fecharam com queda de 1,4% após o leilão, o que acreditamos estar relacionado às preocupações de que o rendimento dos dividendos possa ser pressionado pela aquisição. Embora não vejamos a aquisição impactando substancialmente os rendimentos, observamos que a CPFL pode continuar buscando oportunidades de crescimento em vez de aumentar os dividendos”, disseram os analistas do BofA.

“Segundo a CPFL, mesmo com a aquisição, a alavancagem permanece sob controle, em 2,3 vez versus a atual, de 2,0 vezes, mas a companhia não informou sobre potenciais dividendos adicionais. Informaram também que a aquisição dos ativos de transmissão da State Grid também está sendo estudada”, pontuaram os analistas do BTG.

Em leilão realizado na B3, a CPFL arrematou 66,08% do capital social total da CEEE-T, do RS, por R$ 2,670 bilhões, representando um ágio foi de 57,13% sobre o valor mínimo estipulado de R$ 1,7 bilhão e superando a oferta de R$ 2,66 bilhões da Energisa. As ações, de titularidade da Companhia Estadual de Energia Elétrica Participações (CEEE-Par), foram leiloadas em lote único, que também teve ofertas de CTEEP e Mez Engenharia e Infraestrutura e Energia.

Com base nos comentários da CPFL após o leilão, o BofA estima que o ágio de 57% em relação ao preço mínimo da outorga implica uma taxa interna de retorno (TIR) real de 5,5% e criação de valor presente líquido nula, citando estimativa de riscos inclinados para cima, especialmente devido a uma melhor estrutura de capital.

Já o BTG Pactual calcula uma TIR real de 4,8% para a CPFL, considerando as projeções citadas pela empresa, de R$1,5 bilhão em investimentos nos próximos cinco anos, dos quais R$1,3 bilhão se traduzirão em receitas adicionais (RAP) e redução de 50% dos custos operacionais, visando uma margem ebitda (pós-RBSE) de 75%, ante a atual, de 67%.

Às 14h50 (horário de Brasília), os papéis CPFE3 caíam 1,84%, a R$ 26,06, enquanto os de Taesa (TAEE11) e Energisa (ENGI11) recuavam 0,41% e 0,78%, a R$ 38,04 e R$ 43,97.