Bolsa sobe e dólar cai com balanços e influência externa

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São Paulo – A Bolsa operou todo o dia em alta e fechou com ganho expressivo de 1,34%, aos 126.285,59 pontos, devido aos resultados de balanços corporativos, alta da Vale e bancos e com a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, que manteve o mesmo discurso de inflação transitória e preocupação com o mercado de trabalho.

Anteriormente aos comentários de Powell, o Fed decidiu pela manutenção da taxa básica de juros dos Estados Unidos, na faixa entre zero e 0,25% o ano, contribuindo para a boa performance do índice.

O economista-chefe Gustavo Bertotti, da Messem Investimentos, disse que o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, veio em linha com o que o mercado esperava. ” Foi um discurso pró-mercado, não se esperava nada diferente”.

Bertotti comentou que o Fed está vigilante em relação à inflação, mas voltou a falar em uma inflação transitória e que a recompra de títulos continuará, pelo menos, por enquanto. “Tem alguns indicadores da economia norte-americana bons, mas ainda existe uma preocupação com o mercado de trabalho”.

Para o economista-chefe da Messem Investimentos, dois fatores contrubíram para o bom humor do mercado. “O principal ponto que fez o mercado ganhar força  foi a fala de Powell somado aos resultados corporativos tanto lá fora como no Brasil”. Ele explicou que ontem o mercado passou por forte realização com o temor da China, “mas o mercado vem se recuperando e necessita de estímulos”.

Mais cedo, o Ibovespa teve uma desaceleração pontual mas logo se recuperou. O analista Henrique Esteter, da Guide Investimentos, explicou que não teve nenhuma notícia específica para a desaceleração. “Foi uma correção técnica e lá fora não está contribuindo muito”. Mas destaca que “o índice está buscando se manter nos 125 mil pontos, onde tem um suporte importante”.

Esteter comentou que pela manhã “os balanços corporativos deram uma boa sinalização para o mercado e trouxeram otimismo”.

Para o analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, o índice apresentou um pouco de volatilidade, mas segue “firme com as cinco maiores empresas segurando o índice”. As ações do Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançaram 3,25% e 1,48% e 1,91% respectivamente. Petrobras (PETR3 e PETR4)  e Vale (VALE3) valorizaram 1,83% e 2,06% e 2,73%, nessa ordem. A Vale se destacou com a expectativa do balanço que será divulgado hoje após o fechamento e com o resultado positivo da Rio Tinto, que reportou lucro líquido de US$ 12,313 bilhões no primeiro semestre de 2021, valor três vezes maior ao do mesmo período do ano passado, de US$ 3,316 bilhões.

Uma fonte comentou que a Vale pode apresentar “grande dividendo para o segundo semestre”.

O dólar comercial fechou a sessão com queda de 1,25%, sendo negociado a R$ 5,1100 para venda. Além da expectativa para a reunião do Fed, o mercado estava ansioso com o aumento da Selic (taxa básica de juros). Diferente de outras moedas emergentes, a brasileira terminou o dia fortalecida.

“O mercado espera um sinal de manutenção da política monetária acomodatícia para juros e parcimonioso em relação à antecipação gradual do programa de compra de ativos”, explicou Ricardo Gomes da Silva, da Correparti, em relatório. “No mercado de câmbio local, dólar poderá ser pressionado, respondendo à cautela antes do anúncio da decisão de política monetária do Fed”, acrescenta.

Para o economista da Tendências Consultorias, Sílvio Campos, a desvalorização da moeda estadunidense reflete mais fatores internos do que o cenário internacional: “A recomposição de juros sinaliza uma política mais agressiva do Banco Central”. Sílvio acredita que a moeda brasileira tem sido um destaque positivo nos últimos dias.

O economista é mais cauteloso quanto às diretrizes da política monetária norte-americana no curto prazo. “Não acredito que o #fed mude nada de relevante na reunião de hoje. Isso talvez aconteça daqui duas ou três reuniões, mas não agora”, pontua.

“A grande questão hoje é a normatização da política monetária nos Estados Unidos, se eles irão reduzir os estímulos à economia”, analisa o sócio-analista da Eleven Research, Raphael Figueredo. Para ele, esta redução nos estímulos “deve acontecer muito em breve, para equilibrar o balanço”.

Raphael também vê um movimento de valorização do Real. “As curvas de juros aceleraram bastante, e hoje o mercado trabalha com um aumento de ao menos 100 pontos, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Isso irá valorizar a nossa moeda”, analisa.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta mesmo depois do desfecho da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 6,245%, de 6,225% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,68%, de 7,63; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,45%, de 8,40% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,76%, de 8,73%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam o dia em queda, depois que o presidente do Fed deu pistas de que a redução da compra de ativos pode estar próxima. A exceção foi o Nasdaq, que terminou o dia em alta, embalado pelos fortes resultados trimestrais de gigantes da tecnologia.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,36%, 34.930,93 pontos

Nasdaq Composto: +0,70%, 14.762,60 pontos

S&P 500: -0,01%, 4.400,64 pontos