Ações da Petrobras disparam 11% após balanço e dividendos

Cia surpreende com dados acima do esperado e antecipação de pagamento a acionistas, além disso, diz que deve atingir meta de dívida

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São Paulo – As ações da Petrobras disparam nesta manhã refletindo os bons resultados financeiros do segundo trimestre, que vieram acima do esperado pelo mercado, e a antecipação do pagamento de dividendos. Há pouco, a companhia também comentou o balanço em videoconferência e se mostrou otimista quanto à possibilidade de atingir sua meta de dívida bruta.

Às 12h53 (horário de Brasília), as ações ordinárias da estatal (PETR3) subiam 10,48%, a R$ 29,50, após atingir a máxima de R$ 29,90 mais cedo, subindo mais de 11%. Já as ações preferenciais (PETR4) tinham alta de 9,13%, a R$ 28,69, negociando R$ 4,5 bilhões, ficando entre as maiores altas do Ibovespa e entre as mais negociadas da B3.

Juntos, os papéis representam quase um terço do volume negociado até o momento na bolsa, que chega a R$ 19,5 bilhões no momento.

O Goldman Sachs destaca que o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado recorrente veio 9% acima das suas estimativas 4% acima do consenso da Bloomberg e que já previa que o anúncio de pagamento de dividendo adicional de R$ 31,6 bilhões (US$ 6 bilhões, com rendimento de dividendos implícito de 9%) seria bem recebido pelo mercado.

“Embora continuemos a ver riscos em torno da implementação da política de preços de combustíveis, acreditamos que o anúncio de hoje de um dividendo adicional será bem recebido pelo mercado”, disseram os analistas do banco, em relatório.

Os analistas Bruno Amorim e João Frizo explicam que o valor aprovado ontem pelo conselho da estatal representa uma antecipação na programação de dividendos e que, na sua avaliação, um aumento significativo nos dividendos só era esperado em 2022.

“Os pagamentos extraordinários consideram as projeções de resultados e geração de caixa da empresa para 2021. Além disso, a Petrobras cita que os pagamentos são compatíveis com sua sustentabilidade financeira e não comprometem sua liquidez e trajetória de redução de endividamento”, acrescentaram.

Já o BTG Pactual divulgou expectativa de alta para o papel devido aos resultados e dividendos e disse que a atual dívida bruta, em US$ 64 bilhões, está próxima da meta prevista para ser alcançada apenas em 2022, o que permitiu à empresa anunciar a antecipação parcial de dividendos mínimos com base no ano fiscal de 2021 em duas parcelas. Seus analistas destacaram que a geração de fluxo de caixa recorrente de US$ 7,6 bilhões permitiu reduzir a alavancagem para 1,5 vez, “o menor nível em quase uma década”.

A análise também destacou o ebitda recorde (9% acima da sua estimativa), o que comprova o cenário favorável do setor, já que os preços do Brent melhoraram 13% em base trimestral, as vendas e os volumes de produção se recuperaram e o real permaneceu relativamente fraco. Também citou lifting cost 4% acima das suas projeções, custos de refino 11% abaixo (ajudados por ganhos de estoque) e preços realizados 3% acima.

“A ação parece inegavelmente barata, mas o ruído envolvendo a interferência no preço do combustível (e agora também do GLP), bem como a extensão do prazo de venda das refinarias, ainda nos deixa céticos de que os investidores pagarão pelo re-rating que uma operadora totalmente independente mereceria”, disseram os analistas do BTG, que mantiveram a recomendação neutra, com preço-alvo R$48 para ação e US$9,29 para , apesar da avaliação barata.

PETROBRAS

Em videoconferência de analistas sobre os resultados, o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Rodrigo Araújo, disse que ‘há boas perspectivas para atingir a meta de US$ 60 bilhões de dívida bruta até o fim do ano” e que a companhia vai sempre olhar espaço para mais dividendos.

A estatal ainda mostrou otimismo com o novo plano de negócios, para o ciclo de 2022 a 2026, que deve apresentar até o fim deste ano. Segundo o diretor de produção e exploração da Petrobras, Fernando Borges, ele deve ser “robusto” e há vários projetos com potencial e possibilidade de novas frentes de exploração.

Em relação aos preços de combustíveis, a Petrobras reiterou a sua política de preços de combustíveis atual, afirmando que segue analisando diariamente os preços internacionais do petróleo, mas que procura ser cautelosa nos repasses para o mercado interno, procurando evitar repassar o excesso de volatilidade dos preços do mercado internacional.

A estatal também afirmou que não vê necessidade de ter uma periodicidade marcada para reajustar preços e que está contribuindo para discussões de um possível fundo de estabilização de preços junto ao governo, sem dar mais detalhes até o momento.