Engie Brasil buscará crescimento em renováveis e gás e ganhos com tributos

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São Paulo – A Engie Brasil disse que a perspectiva de crescimento da companhia é baseada em energias renováveis e que está sempre analisando com ampliar o seu parque gerador e buscar aquisições, considerando os custos.

“Até hoje, a eólica tinha uma eficiência maior, menor custo de implantação, mas pode ser que os painéis solares passem a ter mais escala e isso se inverta. Estamos num momento de transição. Tivemos aumento nos custos de logística e no preço das commodities. Precisamos esperar a poeira baixar um pouco para ter uma visão de longo prazo”, disse Eduardo Satamini, presidente da Engie Brasil.

A companhia também mostrou visão otimista com os negócios que podem ser gerados com a nova lei do gás e disse que já está começando a fechar contratos com a subsidiária Tag, transportadora de gás natural comprada da Petrobras em 2019.

“Já começamos a firmar contratos flexíveis com usuários dos dutos, como a Unigel. Temos boas perspectivas para que a Tag seja uma plataforma de investimentos e faça bons negócios nesse mercado”, acrescentou.

A empresa também disse que está analisando os ativos que a EDP Brasil está colocando à venda, que há conversas com a empresa, mas que não há nada concretizado.

A empresa também mostrou previsão de ganhos com a reforma tributária, caso aprovada como está, pois deve reduzir o imposto pago pela empresa em até 12% e beneficiar indiretamente seus acionistas que, por sua vez, terão aumento na taxação direta.

“A empresa terá redução de 7% no primeiro ano, de 10% no segundo e de 12% no terceiro nos impostos, o que é relevante, e teria um impacto positivo no nosso lucro. Apesar de impactar o acionista, que será mais tributado, por outro lado, ele terá benefícios, com o ganho de resultado da empresa”, disse o diretor financeiro da Engie, Marcelo Malta.

A companhia também estuda mudar o indexador, que atualmente é o IGP-M e IPCA, para diminuir o impacto do descasamento entre receitas e despesas por conta das variações desses índices, que impactaram a correção monetária sobre as concessões a pagar e dívidas e, assim, os resultados no segundo trimestre.

INVESTIMENTOS

A Engie Brasil manteve a previsão de investir R$3,7 bilhões, especialmente nos projetos de transmissão, e R$2,3 bilhões até 2023, no projeto eólico de Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte.

Atualmente, a empresa tem 1.476 megawatts (MW) em projetos em desenvolvimento e manteve o plano de entrada em operação de projetos de geração e transmissão previstos para esse ano.

Neste mês, a empresa colocará em operação comercial integral o projeto eólico Campo Largo II, na Bahia, com 11 parques eólicos, e manteve o plano de antecipação da entrada em operação comercial gradativa do sistema de transmissão Gralha Azul, no Paraná. Também acaba de receber autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para testes na turbina do aerogerador instalado na usina fotovoltaica de Tubarão (SC) e espera obter autorização para iniciar a operação comercial em breve. A capacidade instalada é de 4,2 MW e a implantação foi feita em parceria com a Weg.

A companhia retomou parcialmente as obras de implantação de linhas de transmissão do Projeto Novo Estado, em Pacajá (PA) e manteve a previsão de entrada em operação em dezembro. As atividades em altura seguem paralisadas até a conclusão da apuração das causas, após a ocorrência que matou sete profissionais da empreiteira SKIC que trabalhavam no local, no mês passado.

“O impacto que podemos ter, por conta do acidente, é mais no prazo do que financeiro, que exigirá mais testes”, disse o presidente da empresa.

A empresa disse que intensificará os esforços para aumentar a segurança em suas operações e disse que atingiu o recorde de geração em julho, com 1.105 MW.

CRISE ENERGÉTICA

A empresa considera a atual crise no cenário hidrológico pode ocasionar algumas falhas pontuais no fornecimento de energia, mas não acredita na possibilidade de apagão.