São Paulo – A B3 considera que o nível atual de taxa de juros e inflação é favorável aos seus negócios e que está preparada para um potencial aumento de competição.
“O juro, se estiver abaixo de 10%, já mobiliza pessoas a investir em risco, o que beneficia a B3. A movimentação atual é saudável e não ameaça a liquidez, que vem sendo ameaçada por incertezas, como em relação ao avanço da vacinação, por exemplo, além de redução esperada no período de férias no hemisfério norte”, afirmou Daniel Sonder, vice-presidente financeiro da B3, em teleconferência com analistas. “O aumento de competição nos estimula e já atuamos num ambiente competitivo, há escolha para os investidores e isso não é um problema”, acrescentou.
No segundo trimestre, a empresa observou uma apreciação dos ativos, mas uma menor volatilidade no segmento de ações trouxe uma redução nas transações em base trimestral, mas crescimento em relação ao segundo trimestre de 2020.
A empresa mostrou uma visão otimista para a parceria com a Totvs e disse que entende que há oportunidades de crescimento por meio de desenvolvimento orgânico de novos negócios, parcerias e aquisições.
A parceria com a Totvs tem foco em soluções de ‘back office’, cartão de crédito e receberá um aporte de capital relevante da B3, além de equipe própria dedicada à unidade. A transação ainda está pendente de aprovação, que a empresa acredita que será favorável.
REVISÃO DE CONTINGÊNCIA LEGAL
A companhia também disse que espera obter resultado favorável em contingência jurídica que resultou na revisão do prognóstico de perda em seus resultados, de “remoto” para “possível”, de uma contingência legal, no valor de R$31,2 bilhões, referente a um caso oriundo da sua predecessora BM&F, relacionado a supostos prejuízos decorrentes de transações realizadas pelo Banco Central do Brasil em janeiro de 1999 no mercado futuro de dólar. Em suas demonstrações financeiras, a B3 informa que, mesmo não havendo obrigatoriedade de provisões para esta contingência acordo com as regras contábeis, já divulgava esse processo historicamente em função de seu valor e que a revisão não impacta as demonstrações financeiras apresentadas.
“É um caso no qual o último julgamento foi favorável à B3, em que conseguimos demonstrar que atuamos com absoluta correção, fomos corréus junto com sócios e administradores de dois bancos, de ter levado um investidor ao prejuízo. Mostramos para as autoridades que dissemos que havia risco financeiro, mas tivemos uma recomendação dos nossos consultores jurídicos de que seria prudente fazer essa provisão e de tornar isso público aos nossos acionistas, mas estamos confiantes de ter um resultado favorável nessa ação”, explicou Sonder.
AÇÃO DESPENCA
A ação da B3 está entre as maiores quedas do Ibovespa após a divulgação dos resultados do trimestre anterior com a revisão de contingência bilionária e analistas citando a queda de volumes trimestral, alta de juros e a revisão das projeção de despesas como pontos negativos. Às 15h30 (horário de Brasília), o papel B3SA3 caia 6,51%, a R$14,07.
O BTG reiterou a recomendação de compra, citando que apesar da queda nos volumes no intervalo anterior, em base trimestral e no início do atual, o papel ainda é atraente nos níveis atuais e está sendo negociado abaixo de suas estimativas. No entanto, os analistas destacam que a ação caiu 25% no acumulado do ano e as expectativas de ganhos por ação aumentaram, o que significa que o estoque foi desvalorizado.
“As notícias que apontam para mais competição e aumento das taxas de juros não são positivas para o investimento, mas a B3 está negociando abaixo de nossa estimativa, por isso, reiteramos nossa classificação de compra”, disseram os analistas, em relatório.
A análise também destacou a estratégia da companhia de expandir sua presença em áreas adjacentes ao seu núcleo negócio para estreitar o relacionamento com os clientes de seu ecossistema, além do lançamento de novos produtos, como o exercício automático de opções e ETFs de criptomoedas.
A Ativa também manteve a recomendação de compra, destacando resultados sólidos e acima das expectativas e o potencial de crescimento de seu modelo de negócio diversificado e verticalizado somado a um cenário setorial de baixa concorrência e alto potencial de crescimento. De negativo, destacou o resultado ligeiramente mais fraco em relação ao primeiro trimestre e a revisão das projeções de despesas ajustadas.
A Guide Investimentos espera um impacto positivo dos resultados, que considerou acima das expectativas do mercado no trimestre, impulsionado pela entrada de novos investidores pessoas físicas e forte crescimento de operações de renda variável como IPOs e follow-ons. Por outro lado, o orçamento de despesas operacionais foi ajustado para cima, justificado pela intensificação de projetos para elevar capacidade de novos produtos, além de efeitos de alta da inflação sobre as despesas de pessoal.
“Vemos como importante o investimento de R$ 600 milhões na Dimensa (Totvs) para a expansão em áreas relacionadas ao “core business” (negócio principal) da B3. Por fim, acreditamos que o mercado de capitais deva continuar a evoluir de forma acelerada, em virtude da taxa Selic ainda em patamares historicamente baixos, mesmo com o movimento atual de aperto monetário”, disse o analista Luis Sales.