São Paulo – O Talibã entrou ontem no Palácio Presidencial na capital do Afeganistão, noticiou o canal “Al Arabiya”, recuperando o controle de Cabul depois de quase 20 anos da queda de sua regime, enquanto o presidente afegão, Ashraf Ghani, renunciou e deixou o país. As informações são da agência de notícias “Sputnik”.
O Talibã disse no domingo que queria evitar a violência na tomada da capital e propôs negociar com o governo a transição pacífica de poder. O porta-voz do Talibã, Mohammad Naeem, disse que o movimento pôs fim à guerra de 20 anos no país.
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, renunciou ao país e foi para o Tajiquistão, de onde planeja viajar para um terceiro país. Ghani disse que sua decisão foi ditada pelo desejo de prevenir a violência, já que os militantes estavam prontos para realizar um ataque à capital.
O poder foi entregue a um conselho de transição, constituído em particular pelo chefe do Alto Conselho para a Reconciliação Nacional no Afeganistão, Abdullah Abdulla, e o ex-presidente Hamid Karzai, que depois entregou o poder ao Talibã. O Talibã afirmou que não haverá governo de transição no Afeganistão, mas sim “uma transferência completa” de poder.
Um porta-voz do Talibã disse que o movimento radical controla 90% dos prédios governamentais, enquanto os militantes foram instruídos a evitar danos. Quase todos os principais pontos de controle em Cabul também estão sob controle do Talibã.
O avanço do Talibã ocorre após a retirada das tropas militares dos Estados Unidos do Afeganistão. Os norte-americanos evacuaram sua embaixada em Cabul, e outros países também estão correndo para evacuar suas missões diplomáticas, com a Alemanha, Reino Unido, Espanha e Canadá.
Hoje, o aeroporto na província de Kandahar, no sul do Afeganistão, onde muitos oficiais de segurança estavam estacionados, foi apreendido pelo Talibã, disse o porta-voz do movimento, Qari Yousaf Ahmadi.
“O aeroporto na província de Kandahar, onde milhares de soldados estavam estacionados hoje foi controlado [pelo Talibã]”, disse Ahmadi no Twitter, acrescentando que alguns soldados e oficiais de alto escalão se entregaram ao Talibã.
O regime anterior do Talibã, entre 1996 e 2001, aplicou uma interpretação rigorosa do Islã, com chicotadas e amputações impostas a crimes como roubo, e as mulheres eram forçadas a se cobrir com burca e proibidas de estudar a partir dos 10 anos.
