Ata do Fed sinaliza proximidade da redução das compras de ativos

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São Paulo, 18 de agosto de 2021 – A redução das compras de ativos do Federal Reserve (banco central norte-americano) pode estar próxima, segundo a ata da da reunião de julho do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que mostrou uma discussão acalorada sobre o momento em que o chamado tapering deve acontecer.

O documento mostrou que os membros do Fomc descolaram a redução dessas aquisições de uma eventual elevação da taxa de juros, hoje perto de zero. “Muitos participantes observaram que, quando uma redução no ritmo de compra de ativos se tornasse adequada, seria importante que o Comitê reafirmasse claramente a ausência de qualquer vínculo mecânico entre o momento do tapering e o de um eventual aumento da taxa de juros”, diz a ata.

Desde março do ano passado, o Fed vem mantendo a taxa de juros na faixa entre zero e 0,25% ao ano para ajudar a economia norte-americana a atravessar a crise provocada pela pandemia de covid-19. Na ocasião, o banco central também retomou as compras de ativos, atualmente em um ritmo de US$ 120 bilhões mensais – US$ US$ 80 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 40 bilhões em títulos lastreados em hipotecas, conhecidos na sigla em inglês por MBS.

Com a recuperação mais rápida do que o esperado da economia graças ao processo de vacinação contra a covid-19, a autoridade monetária passou a avaliar a eficácia das compras desses ativos, que são desenhadas para apoiar a demanda e que estão sendo mantidas em um momento no qual os Estados Unidos têm problemas de oferta.

Por isso, durante o encontro realizado nos dias 27 e 28 de julho, os membros do Fomc expressaram uma série de opiniões sobre o ritmo apropriado de redução gradual das compras de ativos, uma vez que as condições econômicas satisfizeram o critério estabelecido na orientação do Comitê.

De acordo com a ata, muitos deles viram benefícios potenciais em um ritmo de redução gradual que encerraria as compras de ativos líquidos antes que as condições atualmente especificadas na orientação futura do comitê sobre a taxa de juros pudessem ser atendidas. Ao mesmo tempo, os membros indicaram que os padrões para elevar a taxa de juros eram distintos daqueles associados à redução das compras de ativos e observaram que o momento dessas ações dependeria do curso da economia.

“Vários membros observaram que um início mais precoce de redução gradual poderia ser acompanhado por reduções mais graduais no ritmo de compra e que tal combinação poderia mitigar o risco de um aperto excessivo nas condições financeiras em resposta a um anúncio de redução gradual”, diz a ata.

“Alguns membros sugeriram que o comitê deveria estar ciente do risco de que um anúncio de redução gradual, considerado prematuro, pudesse colocar em questão o compromisso do comitê com seu novo quadro de política monetária”, acrescenta a ata.

Com relação aos efeitos da pandemia, a ata mostra que vários membros indicaram que ajustariam seus pontos de vista sobre o caminho apropriado para a compra de ativos se os efeitos econômicos de novas variantes do coronavírus acabassem sendo notavelmente piores do que o previsto atualmente e prejudicassem significativamente o progresso em direção às metas de estabilidade de preços e pleno emprego do Fomc.

COMPOSIÇÃO DO TAPERING

Além do momento ideal para o início do chamado tapering – como é conhecida a redução gradual das compras de ativos em inglês -, os membros do comitê de política monetária também debateram a composição desses cortes. Parte deles defendeu uma diminuição proporcional entre títulos do Tesouro e MBS e outros priorizaram um corte maior dos títulos lastreados em hipotecas em meio a um mercado imobiliário aquecido.

“A maioria dos membros comentou que viu benefícios na redução do ritmo das compras líquidas de títulos do Tesouro e MBS, proporcionalmente, a fim de encerrar ambos os conjuntos de compras ao mesmo tempo”, diz a ata.

Segundo o documento, esses membros do Fomc observaram que tal abordagem seria consistente com o entendimento do comitê de que as compras de títulos do Tesouro e de MBS tiveram efeitos semelhantes nas condições financeiras mais amplas e desempenharam papéis equivalentes na transmissão da política monetária, ou que essas compras não foram destinadas à alocação de crédito.

“Vários participantes comentaram sobre os benefícios que viram na redução das compras de MBS mais rapidamente do que as compras de títulos do Tesouro, observando que o setor imobiliário estava excepcionalmente forte e não precisava de apoio real ou percebido do Federal Reserve na forma de compras de MBS ou que tais compras podem ser interpretadas como um tipo de alocação de crédito”, diz a ata.