São Paulo – O presidente da unidade do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Dallas, Robert Kaplan, disse que pode ajustar sua visão sobre o processo de redução de compra de ativos por conta da variante Delta do coronavírus, embora tenha reconhecido que a cepa ainda não provocou impacto material na economia.
“Manterei minha mente aberta sobre isso e observarei se a variante Delta está tendo impacto mais negativo a ponto de eu ter que ajustar minhas visões”, disse ele em entrevista para a Fox Business, acrescentando que a trajetória pandemia de covid-19 é imponderável.
Kaplan, que este ano não tem direito a voto, foi um dos primeiros membros do comitê de política monetária do Fed a defender publicamente a redução das compras de ativos, hoje em US$ 120 bilhões mensais. Na semana passada, ele chegou a dizer que essa diminuição poderia ocorrer em outubro deste ano.
Na entrevista de hoje, no entanto, ele afirmou que irá monitorar a evolução do novo coronavírus até a reunião do Fed de setembro e que, na visão dele, a tendência da pandemia no momento é negativa.
Seus comentários acontecem após a divulgação da ata da reunião de julho, na quarta-feira. O documento mostrou que vários membros do comitê de política monetária estão dispostos à redução as compras de ativos já neste ano mesmo que o progresso substancial real em direção às metas de pleno emprego e estabilidade de preços não seja alcançada.
Falando sobre o mercado de trabalho, Kaplan prevê uma taxa de desemprego de 4,5% nos Estados Unidos até o final do ano, dos 5,4% em julho. Ele ressaltou, no entanto, que não é necessário que o Fed espere que esse percentual seja atingido para iniciar o processo de normalização da política monetária.
Kaplan não falou diretamente da inflação durante a entrevista, mas projetou que os gargalos de oferta – em boa parte responsáveis pela disparada de preços nos Estados Unidos – devem durar três anos até que sejam completamente solucionados.
