Bom humor global faz bolsa fechar em alta e dólar em queda

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São Paulo – A Bolsa mostrou recuperação e fechou em alta de 2,33%, aos 120.210,75 pontos, em um pregão de otimismo com o exterior favorável e impulsionada pelas commodities e siderúrgicas em um dia em que os investidores ficaram mais aliviados com as declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) confirmando seu compromisso com o fiscal e mencionou que a reforma do Imposto de Renda (IR) não será votada esta semana.

Leonardo Santana, analista da Top Gain, afirmou que Bolsa operou com ânimo “puxada pela boa performance das commodities e exterior”, mas ressaltou que esse movimento mais positivo “pode ser momentâneo e devemos ficar atentos ao conflito entre o STF e o governo”

Para o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, os comentários de Lira  durante o evento mais cedo da Expert XP 2021 sobre o Imposto de Renda não ser votado esta semana “acabou agradando aos investidores, que são contrários ao texto atual”.

Para Larissa Quaresma, analista da Empiricus, as declarações do presidente da Câmara reafirmando compromisso com a responsabilidade fiscal e afirmando que não terá votação nesta semana da reforma do Imposto de Renda favoreceram positivamente o mercado. “Estamos em um cenário que qualquer sinalização positiva o investidor fica tranquilo”.

Larissa comentou que o impasse da reforma do Imposto de Renda na Câmara “estava sendo desperdiçado para votar outras pautas como um Bolsa Família mais razoável ou um precatório mais aceitável, que não seja interpretado como um calote e fique dentro do teto de gastos.

Outro ponto favorável são as commodities, principalmente as ligadas ao minério de ferro, e as ações ligadas às viagens. “Os investidores estão começando a se posicionar para a volta das viagens, principalmente as domésticas e  com o avanço da vacinação, tudo indica que vamos ter um final de ano mais normalizado em termos de viagens dentro do Brasil”. As ações da Gol (GOLL4) subiram 10,96%.

A analista da Empiricus explicou que  no final do primeiro semestre, os investidores estavam apostando nos papéis de varejo físico.

Larissa não descarta da possibilidade da volta da volatilidade na Bolsa com o cenário conturbado e enfatizou que a comunicação do governo precisa melhorar. “O STF e executivo ficam nessa briga e o ruído na comunicação é tão grande que atrasa a nossa chegada aos 130 mil pontos”.

Os investidores estão à espera do Simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos, que se inicia na sexta-feira no qual o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, pode dar diretrizes sobre a política monetária do país.

O dólar comercial fechou em R$ 5,2610, com queda de 2,23%. A expressiva alta foi motivada pelo bom humor do mercado global nesta terça, além dos números de imóveis residenciais novos nos Estados Unidos, que subiram 1,00% em julho ante a junho, abaixo da previsão de 3,5%. Os problemas domésticos, embora persistam, hoje pouco influenciaram.

O especialista de investimentos da Toro, Helder Wakabayashi, contextualiza: “Ontem acabamos ficando bem descolados, mas hoje as bolsas asiáticas subiram bem, e temos uma forte relação com eles”. Além disso, segundo Wakabayashi, os dados norte-americanos ainda demonstram que os Estados Unidos estão mais longe da recuperação econômica do que o esperado.

Além disso, a política monetária exercida pelo Banco Central começa a surtir efeito: “Nossos juros estão mais atrativos do que o praticado em países desenvolvidos, e isso atrai capital estrangeiro”, pontua o especialista.

Segundo fonte ouvida pela CMA, “o mercado veio de uma bateria de vários dias negativos, então hoje estamos enfrentando um movimento de risk-off (aversão ao risco) que desvaloriza o dólar em escala global”.

A fonte, porém, ressalta que este movimento não possui fôlego: “O que está acontecendo hoje é pontual, pois os problemas do Brasil continuam, principalmente os fiscais. O (ministro da economia) Paulo Guedes até tenta argumentar, mas o mercado não acredita mais nele”, pontua.

Para o head da mesa de operações da Messem Investimentos, Álvaro Villa, “existe muita tensão no mercado, porém o mercado acabou precificando mais nos juros, deixando o câmbio em um patamar estável, que é por volta dos R$ 5,20, mas isso depende do fluxo de notícias”.

Por mais que a crise institucional já esteja precificada nos juros, o problema é visto com gravidade pelo mercado: “O investidor estrangeiro compara nossa situação com a África do Sul e Turquia, que estão vivendo problemas sociais e políticos muito sérios. Isso gera muita preocupação”, pontua Villa.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda, acompanhando a recuperação dos preços dos ativos de risco nos mercados financeiros internacionais em um dia de agenda econômica fraca no cenário local ganhou o reforço de comentários do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, bem recebidos pelo mercado.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 6,695%, de 6,730% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,42%, de 8,55%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,59%, de 9,80% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,00%, de 10,23%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram mais uma sessão em alta, com o Nasdaq superando os 15 mil pontos pela primeira vez e os investidores respondendo positivamente aos fortes resultados corporativos e à recuperação econômica apesar da disseminação da variante Delta do coronavírus.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,09%, 35.366,26 pontos

Nasdaq Composto: +0,52%, 15.019,80 pontos

S&P 500: +0,14%, 4.486,23 pontos