São Paulo – O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal afirmaram, por meio de suas assessorias de imprensa, que não vão comentar a possível saída da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em função de um manifesto que estava previsto para ser publicado amanhã pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com um pedido de harmonia entre os Três Poderes.
A Febraban seria uma das 200 entidades empresariais que assinaria o manifesto, mas segundo reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo” a ideia do documento teve origem na própria Febraban. A Agência CMA tentou contato com a federação, mas não recebeu retorno até o momento.
A notícia de saída dos dois bancos públicos da entidade que reúne os bancos foi antecipada pelo jornalista Lauro Jardim, em sua coluna no jornal “O Globo” neste fim de semana.
O manifesto seria uma demonstração de desconforto dos setores empresarial e financeiro com a crise institucional provocada pelo presidente Jair Bolsonaro, que constantemente ataca outros Poderes e instituições como Supremo Tribunal Federal (STF). O documento também seria divulgado em um momento importante, antes do feriado de 7 de setembro, para quando estão marcadas manifestações de apoio ao presidente e também de oposição a Bolsonaro.
De acordo com a reportagem do “Estadão”, o entendimento dos bancos públicos é que a Febraban é uma entidade privada e está se posicionando de forma política, o que ambos, controlados pelo governo, discordam.
Os dois bancos teriam encaminhado nota à Febraban, comunicando a saída da entidade caso o manifesto seja publicado. Segundo relatos colhidos pela reportagem, ambos se posicionaram contra a adesão à iniciativa, que foi votada na instituição e teve concordância da maioria. O assunto tem sido discutido há uma semana.
O manifesto não cita o presidente Jair Bolsonaro, mas traz críticas implícitas à gestão do ministro da Economia, Paulo Guedes. Isso porque no texto, obtido pelo veículo, as entidades que o assinam pedem “medidas urgentes e necessárias” para o Brasil superar a pandemia, voltar a crescer e gerar empregos para, assim, “reduzir as carências sociais” que “atingem amplos segmentos da população”.
No governo, quem teria liderado o movimento de ruptura dos bancos públicos com a Febraban foi o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que mantém grande proximidade com Bolsonaro.