Febraban rebate Guedes e diz que manifesto não é ataque ao governo

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São Paulo – Após a notícia de que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica podem sair da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) por discordarem de manifesto apoiado pela entidade e que pede a harmonia entre os Poderes, a federação enviou um esclarecimento à imprensa no qual afirma que o texto foi elaborado de forma conjunta por representantes de vários setores e articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Segundo a Febraban, o manifesto chamado a “A Praça dos Três Poderes” foi aprovado pela entidade, seguindo sua governança, e a versão apresentada pela Fiesp não continha ataques ao governo ou oposição à atual política econômica, rebatendo declarações dadas mais cedo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Guedes acusou a Febraban de agir para incluir críticas ao governo no texto.

“O conteúdo do manifesto pedia serenidade, harmonia e colaboração entre os Poderes da República e alertava para os efeitos do clima institucional nas expectativas dos agentes econômicos e no ritmo da atividade”, disse a Febraban em nota.

A entidade não comentou ou confirmou a possível saída dos bancos públicos e disse que não comenta posições de associados.

Há pouco, a Fiesp disse que está ajustando um manifesto em prol da democracia e da harmonia entre os Três Poderes, e não tem prazo para a publicação do documento, que começou a circular no final da semana passada. A expectativa era que o manifesto fosse publicado amanhã.

O manifesto foi divulgado pela Fiesp na última quinta-feira (26), quando a Federação convidou outras entidades a assinarem o documento. O prazo de adesão original terminava na sexta-feira (27), mas foi prorrogado, diante do interesse de mais de 200 entidades em subscrever o texto.

O alongamento do prazo foi motivado tanto por questões burocráticas – necessidade de aprovação do manifesto pelos conselhos destas entidades – quanto pelo fato de o documento ainda estar passando por ajustes – o que, segundo a Federação, é normal nestes casos.

A Fiesp diz que em nenhum momento foi discutida a divulgação do manifesto amanhã conforme divulgado na imprensa e afirmou ainda não haver prazo para a divulgação.

BANCOS

Procurados pela Agência CMA, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica disseram que não vão comentar a questão.

A notícia de saída dos dois bancos públicos da entidade que reúne os bancos foi antecipada pelo jornalista Lauro Jardim, em sua coluna no jornal “O Globo” neste fim de semana. Segundo reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo”, a ideia do manifesto teria tido origem na própria Febraban.

De acordo com o “Estadão”, no governo, quem teria liderado o movimento de ruptura dos bancos públicos com a Febraban foi o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que mantém grande proximidade com o presidente Jair Bolsonaro.

O manifesto é um sinal de desconforto dos setores empresarial e financeiro com a crise institucional provocada pelo presidente Jair Bolsonaro, que constantemente ataca outros Poderes e instituições como Supremo Tribunal Federal (STF). O documento também seria divulgado em um momento importante, antes do feriado de 7 de setembro, para quando estão marcadas manifestações de apoio ao presidente e também de oposição a Bolsonaro.

GUEDES

Mais cedo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a Febraban teria agido para alterar o tom do manifesto da Fiesp e incluir no texto críticas ao governo federal.

“A informação que eu tenho é de que havia um manifesto em defesa da democracia, e aí não haveria problema nenhum. E que alguém da Febraban teria mudado isso para em vez de ser uma defesa da democracia, ser um ataque ao governo”, disse o ministro.

Ele acrescentou que a Fiesp teria reagido a esta iniciativa da Febraban dizendo que não faria o manifesto desta forma. “Parece que está até suspenso por causa disso”, afirmou Guedes, a respeito do texto.

O ministro se manifestou sobre o assunto após um pronunciamento conjunto com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

VEJA A NOTA DA FEBRABAN NA INTEGRA:

Nota de Esclarecimento da Febraban

O manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e apresentado na última quinta-feira às entidades empresariais com prazo de resposta até 17 horas da sexta-feira, é fruto de elaboração conjunta de representantes de vários setores, inclusive o financeiro, ao longo da semana passada.

Desde sua origem, a FEBRABAN não participou da elaboração de texto que contivesse ataques ao governo ou oposição à atual política econômica. O conteúdo do manifesto pedia serenidade, harmonia e colaboração entre os Poderes da República e alertava para os efeitos do clima institucional nas expectativas dos agentes econômicos e no ritmo da atividade.

A FEBRABAN submeteu o texto a sua própria governança, que aprovou ter sua assinatura no material. Nenhum outro texto foi proposto e a aprovação foi específica para o documento submetido pela FIESP. Sua publicação não é decisão da federação dos bancos. A FEBRABAN não comenta sobre posições atribuídas a seus associados.