Vibra se posiciona para transição energética e aposta em biocombustíveis

Após privatização, a antiga BR Distribuidora não quer ser mais vista apenas como uma distribuidora de combustíveis fósseis

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São Paulo – A Vibra (antiga BR Distribuidora) está se posicionando para a transição energética e planeja apostar em novos biocombustíveis nos próximos anos, embora ainda veja os combustíveis fósseis como relevantes até 2040. Durante o “investor day” da companhia, o presidente da Vibra, Wilson Ferreira Júnior, destacou que quer acelerar esse processo depois de a companhia já ter sido privatizada e de já ter ganhado maior eficiência e market-share recentemente.
“Eu já cheguei na companhia no momento em que ela já tinha fechado o gap de eficiência e em relação a concorrentes, temos o menor custo da indústria, e vamos continuar essa jornada, continuando a crescer”, afirmou durante o evento.
Para o executivo, a transição energética é irreversível e a companhia precisa estar posicionada para isso, preparada, por exemplo, para um cenário de maior uso de carros elétricos daqui a 10 anos. “Estamos saindo de uma distribuidora de combustível para ser uma companhia que distribui qualquer tipo de energia para os clientes”, reiterou.
Segundo Ferreira, é difícil acertar o ritmo da transição energética e os novos combustíveis que vão ser, de fato, viáveis, mas é importante acompanhar o movimento e ser uma grande plataforma de multienergia para clientes. Ele afirma que há espaço para inovação e novos tipos de biocombustíveis, mas não como produtor.
Entre as alternativas, a companhia avalia o hidrogênio verde e sua viabilidade. “A gente tem a visão de combustíveis mais verdes no futuro, faz parte de nossas discussões, vemos o Brasil como grande plataforma de hidrogênio verde, temos algumas discussões com players que se colocam como produtores e a Vibra pode ser um ‘off taker’ do hidrogênio para colocar isso no mercado, dependendo da evolução e viabilidade desse combustível”, explicou um dos diretores da companhia também durante o evento.
Segundo os executivos da companhia, o HVO (chamado diesel verde) e o bioquerosene de aviação também fazem parte do portfólio da empresa, com iniciativas de comercialização sendo estudadas.
Em relação ao coque verde, a diretoria afirma que espera crescer um pouco mais os volumes comercializados no ano que vem e que também constrói novas alternativas de importação.
Já em relação ao etanol, a companhia anunciou nos últimos dias a criação de uma joint venture com a Copersucar, o que afirma que deve ajudar a acompanhar melhor o mercado, como está a oferta e preços.
A Vibra ainda afirma que o fato de ter sido privatizada facilitou para que a companhia pudesse trabalhar mais com a importação de combustíveis quando é vantajoso, assim como ajuda no processo de compras em geral.
CRISE HIDRICA
Sobre a crise hídrica que afeta o Brasil e leva ao uso de mais usinas termelétricas, a Vibra afirmou que isso reflete em maiores vendas de diesel pela companhia, o que prevê que deve se manter até 2022.
“Estamos prontos para suprir com diesel essas térmicas, temos vendido cerca de 230 toneladas/mês adicionais de óleo combustível e diesel, o que traz impacto positivo na nossa receita. Claro que depende de como o cenário de chuvas irá se manter, mas o despacho deve ser forte ainda em 2022, há boa expectativa de geração térmica”, disse o diretor.