São Paulo – A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) encaminhou para análise do tribunal da autarquia a fusão entre a Companhia de Locação das Américas (Unidas) e a Localiza Rent a Car, recomendando que a operação seja aprovada com a adoção de remédios que mitiguem riscos concorrenciais.
A análise realizada pela Cade aponta que a combinação de negócios gera riscos relevantes para o ambiente competitivo no mercado de locação de veículos. Isso porque a Localiza, que é líder desse segmento no Brasil, está adquirindo a Unidas, a sua maior concorrente.
“Dessa forma, restaria apenas uma empresa com atuação em todo o território nacional capaz de rivalizar com elas nesse setor, a Movida, além de outras que compõem uma franja competitiva com participações de mercado significativamente menores”, disse o Cade em nota.
O Cade também cita o contrato que a Unidas firmou com a Vanguard Car Rental, empresa norte-americana que atua no mercado internacional de locação de veículos. Nesse acordo (que, com a conclusão do ato de concentração, seria
ampliado à Localiza) ficou estabelecido que a Unidas representa no Brasil as marcas Alamo, Enterprise e National, de propriedade da Vanguard.
Além disso, há no contrato uma cláusula de não concorrência de longa duração por meio da qual a Vanguard se compromete a não operar no território brasileiro por um determinado período.
Para a Superintendência, isso é preocupante na medida em que a empresa estrangeira detém know-how, capital e marcas fortes, características que poderiam conferir a ela possibilidade de atuar com capilaridade e competir efetivamente com a empresa resultante da operação, caso quisesse ingressar no Brasil.
O Cade também apontou outro problema decorrente desse contrato que tem potencial de prejudicar a concorrência. Segundo o parecer, a Localiza, por meio dessa parceria, faria uso de cinco marcas a serem divulgadas em sites de comparação de preços de aluguel de veículos (Localiza, Unidas, Alamo, Enterprise e National).
“Desse modo, essa oferta pode gerar uma falsa impressão para os clientes de que eles estariam comparando preços de concorrentes, quando, na verdade, as cinco marcas seriam gerenciadas por um mesmo agente, a Localiza”, explicou.
Por fim, o Cade explica que empresas que realmente concorreriam com a Localiza ficariam relegadas a posições menos privilegiadas nas buscas, diminuindo sua visualização pelos clientes.
“Por isso, a SG/Cade considerou que o poder de portfólio a ser detido pela empresa após a operação suscita preocupações concorrenciais na oferta de aluguel de carros por meio de plataformas OTAs (online travel agency)”, finalizou.
O prazo de análise da operação teve início em 9 de fevereiro deste ano. A partir dessa data, o Cade tem até 240 dias, prorrogáveis por mais 90 dias, para decidir sobre o ato de concentração.
Bruno Soares / Agência CMA
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