"É facada nas costas", diz França sobre parceria de Austrália, EUA e Reino Unido

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São Paulo – A França mostrou descontentamento após a Austrália cancelar de forma abrupta um contrato existente com o país por submarinos para juntar-se a uma parceria militar com os Estados Unidos e o Reino Unido.
“É realmente uma facada nas costas. Estabelecemos uma relação de confiança com a Austrália, essa confiança foi traída”, disse o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, em entrevista à rádio “France Info”. “Estou muito zangado e amargo hoje (…) isso não é algo que os aliados façam uns aos outros”, disse.
O embaixador da França nos Estados Unidos, Philippe Etienne, também mostrou descontentamento. “Curiosamente, há exatamente 240 anos a Marinha francesa derrotou a Marinha britânica na Baía de Chesapeake, abrindo caminho para a vitória em Yorktown e a independência dos Estados Unidos”, disse ele, em mensagem no Twitter.
A parceria de segurança trilateral, chamada Aukus, incluirá um plano de 18 meses para fornecer submarinos nucleares à Austrália. Ao anunciar o acordo ontem via videoconferência, o presidente norte-americano, Joe Biden, falou em combater ameaças crescentes no Indo-Pacífico e em manter a região livre e aberta, sem citar a China.
O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, disse que a parceria vai “permitir uma cooperação mais profunda nas capacidades de segurança e defesa. Esta é uma oportunidade histórica para nossos países fortalecerem a segurança de nossas nações em tempos de incerteza”.
Ele destacou que “a primeira iniciativa no âmbito do Aukus é a entrega de submarinos com propulsão nuclear para a Marinha da Austrália. Isso vai permitir que o Departamento de Defesa cumpra sua missão de proteger a Austrália e seus interesses nacionais e de nossos amigos regionais no futuro”.