Siderúrgicas mantém otimismo com crescimento, mas competitividade é desafio

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São Paulo – Os executivos do Instituto Aço Brasil (IABr) mostraram otimismo com as perspectivas de crescimento do setor a longo prazo diante da expectativa de retomada da economia com o controle da pandemia e demanda reprimida em mercados de construção, infraestrutura e automobilística, mas citaram preocupações com alta de preços de insumos e desafios à competitividade no radar, como o crescimento mais lento do país, a adoção de regras mais claras para importação e necessidade de melhorias em infraestrutura.
Para 2021, eles reiteraram a projeção de crescer 24% em consumo aparente (produção nacional mais importações e menos exportações), chegando a 26,6 milhões de toneladas, em congresso promovido pela entidade.
“A solução ideal é o país crescer. Não podemos chegar em 2030 com o consumo de 100 quilogramas de aço por habitante”, disse Sergio Leite, conselheiro do Instituto Aço Brasil e diretor presidente da Usiminas, citando o consumo de aço per capita no Brasil.
Segundo Leite, após a queda da demanda no início da pandemia, a indústria reagiu rapidamente. “Havia uma demanda para repor estoques e no segundo semestre de 2020 e no primeiro semestre de 2021, realizamos um trabalho intenso para atender o mercado e retomar as capacidades”, acrescentou.
O atual nível de importação, considerado elevado, deve diminuir nos próximos anos, na visão dos empresários, e foi importante para atender a demanda interna e devido ao cenário de aumento de preços global. De janeiro a agosto, foram importados 2,7 milhões de toneladas de aços laminados, 110,9% acima do mesmo período de 2020.
“O mercado está atendido em aço e isso foi feito de forma rápida e moderna para atender demandas do futuro”, acompanhou Gustavo Werneck, conselheiro do Instituto Aço Brasil e diretor presidente e CEO da Gerdau, que avalia que o nível de qualidade de atendimento aos clientes das empresas locais é muito alto e dificilmente será oferecido por importadores.
Para Leite, a América do Sul e o Brasil não defendem seus mercados. “A China é o maior alvo de processos antidumping no mundo inteiro. Há uma percepção da existência de assimetrias e esses processos tem que ser vistos como uma forma de corrigir essas assimetrias”, argumentou.
“Queremos que a isonomia seja um ponto forte nas práticas empresariais. Não podemos ser liberais num mercado protecionista”, arrematou.
“Não defendemos salvaguardas, mas queremos ter a mesma condição de exportar. Quando falamos do Reintegra, seria uma forma de a indústria brasileira competir de igual para igual”, pontuou Gustavo Werneck, conselheiro do Instituto Aço Brasil e diretor presidente e CEO da Gerdau.
“Da mesma forma que há países se protegendo do excesso da capacidade, não podemos ser ingênuos, é necessário seguir as regras OMC (Organização Mundial do Comércio) para competir com isonomia”, disse Frederico Ayres Lima, conselheiro do Instituto Aço Brasil e diretor presidente da Aperam South America.
A importação de aço tem que ter regras claras, pois reduz a competitividade dos fabricantes nacionais, disse Marcelo Chara, conselheiro do Instituto Aço Brasil e presidente da Ternium Brasil.
Um movimento para enfrentar o déficit de moradias no Brasil aumentaria a demanda por aço, na visão do presidente da Usiminas.
“A infraestrutura gera consumo (de aço) e competitividade para a indústria, então, se houver investimentos nessas áreas, nossa indústria cresce”, concordou Lima.
A reforma tributária foi outro ponto citado para aumentar a competitividade da indústria. “Precisamos simplificar e equilibrar a carga tributária”, comentou o presidente da Usiminas.
Por fim, os executivos também citaram a preocupação com as áreas ligadas à redução das emissões de carbono e transição energética com foco nas mudanças climáticas como uma preocupação que passa a ser considerada entre as métricas de avaliação da competitividade do setor globalmente.
“O setor deve se mobilizar para atender a agenda social, no futuro, podemos criar debates mais profundos para impactar a sociedade brasileira”, finalizou o presidente da Gerdau.