São Paulo – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) disse que a causa dos reajustes dos combustíveis é a política de paridade de importação adotada pela Petrobras, já que os demais componentes são atrelados ao preço na refinaria.
“O verdadeiro culpado pelos sucessivos reajustes dos combustíveis é a política de preço de paridade de importação (PPI), adotada pela gestão da Petrobrás, que se baseia nas cotações internacionais do petróleo, na variação do dólar e nos custos de importação, sem levar em conta que o Brasil produz internamente cerca de 90% do petróleo que consome. Não adianta o jogo de empurra em busca de responsáveis pela alta dos derivados. O ICMS e as margens de distribuidoras e postos são percentuais cobrados sobre o preço na refinaria, quando a Petrobrás sobe, tudo isso sobe”, afirmou o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, em nota.
O dirigente acusou a estatal e o governo federal, acionista da companhia, de tentar enganar a população ao se isentar da responsabilidade pela disparada dos preços dos combustíveis, ao mesmo tempo em que autorizaram mais um reajuste no preço do óleo diesel.
Ontem, a Petrobras aumentou em 8,9% o preço do óleo diesel nas refinarias, para R$ 3,06 o litro, de R$ 2,81, refletindo reajuste médio de R$ 0,25 por litro, após 85 dias de estabilidade. O novo preço começou a valer a partir desta quarta-feira (29).
“Só neste ano, o produto acumula alta de 50,9% nas refinarias, um valor mais de sete vezes superior à inflação do período (7,02%), medida pelo IPCA (Indice Nacional de Preço ao Consumidor)”, disse a FUP.
Segundo a federação, a alta acumulada do diesel nas refinarias da Petrobrá já alcança 60,1%, tendo com base o início da pandemia do coronavírus, em março de 2020. Durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, o aumento chega a 66,1%, com efeitos em cascata, impactando diversos custos de produção, transportes e preços dos alimentos.
Em relação à gasolina, a alta nas refinarias é de 45,7% no ano, com forte impacto na inflação, e de 80% de janeiro de 2019 até hoje.
A entidade destaca que é no gás de cozinha que a desigualdade social do país fica ainda mais evidente, penalizando, sobretudo, as famílias mais pobres. No ano, o aumento é de 38,1%. Nas refinarias, os preços do produto subiram 87%, no governo Bolsonaro, até agora e 75,3% desde o início da pandemia.
PETROBRAS
A Petrobras e o governo federal vêm sendo criticados pelos reajustes de combustíveis, mas a empresa continua a reiterar a política de preços de combustíveis, que leva em conta a paridade com preços internacionais do petróleo e o câmbio, e o argumento de que é responsável apenas por uma parte da composição de preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, e que possíveis mecanismos que pudessem reduzir os preços de combustíveis, cabem ao governo, que estuda alternativas, e não à companhia.
A estatal afirma que evita repassar a volatilidade excessiva de preços do petróleo e oscilações que sejam apenas conjunturais, mas acompanha possíveis mudanças estruturais e citou o crescimento sazonal da demanda de por óleo diesel no hemisfério norte como fator de influencia para o aumento dos preços no período.
Em campanha lançada recente nas redes sociais, a estatal diz que recebe apenas R$ 2 do preço final do litro da gasolina e ressalta o peso do ICMS sobre o combustível, virou alvo de uma ação civil pública do Distrito Federal e 12 estados, que pede a sua suspensão. Na ação, que tramita na 18 Vara Cível de Brasília, os estados entendem que o vídeo feito pela estatal como “publicidade abusiva e que viola os princípios da transparência, confiança e boa-fé”.