Anfavea reduz previsão de vendas e até 9 milhões de veículos deixarão de ser produzidos por problemas na cadeia

Os licenciamentos de automóveis e comerciais leves recuaram 28,4% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado

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São Paulo – Com a atual crise de fornecimento de semicondutores, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revisou suas projeções para o licenciamento, produção e exportação de novos veículos neste ano.
As vendas de novos veículos podem variar de 2,038 milhões a 2,118 milhões, ou seja, com cenários de queda de 1% a crescimento de 3% na comparação com 2020. Na projeção feita em julho, a Anfavea considerava um aumento de 13% no licenciamento total de veículos.
A produção deverá variar entre 2,129 milhões e 2,219 milhões, o que representará um aumento de 6% a 10% quando comparado com o ano anterior. O número é menor do que o previsto em julho, que tinha uma perspectiva de alta de 22%.
Já as exportações, nas estimativas da Anfavea, ficarão em um intervalo de 357 mil a 377 mil unidades, alta de 10% a 16%. Na previsão anterior, a estimativa era de alta de 20%.
“Nunca havíamos tido tanta dificuldade em enxergar o cenário em curto prazo na indústria automotiva. As incertezas para garantir a produção de veículos é grande com a crise de fornecimento global. Estamos presenciando uma procura por parte dos consumidores para compra de novos produtos, mas não temos unidades para atender à demanda”, explicou Luiz Carlos Moraes, Presidente da entidade.
PERDAS NA PRODUÇÃO
A entidade estimou que perda de produção causada pela falta de semicondutores pode chegar entre 7 e 9 milhões de veículos leves neste ano.
A falta do componente já causou perdas de 1,4 milhões no primeiro trimestre e 2,6 milhões no segundo trimestre. Para o terceiro trimestre, a perda estimada é de 2, 6 milhões, já para o quarto trimestre os números devem ficar entre 1 a 2 milhões.
“Esse ano a grande dificuldade é entregar aquilo que está prometido, negociado e temos que entregar a estes clientes como frotistas, locadoras”, disse o presidente da Anfavea.
Já para 2022, o desafio será na produção, oferta e na logística. Segundo Moraes, a entidade já se preocupa com o aspecto do poder de compra, nível de emprego no país, inflação e taxa de juros.
QUEDA EM SETEMBRO
Os licenciamentos de automóveis e comerciais leves recuaram 28,4% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado, a 142.595 unidades, informou a Anfavea. Ante agosto, houve queda de 10,1%.
No acumulado do ano, os emplacamentos de leves somaram 1.471.258 de unidades, alta de 13% frente ao mesmo período de 2020.
Já os licenciamentos totais de veículos – que incluem automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – somaram 155.075 unidades, registraram queda de 25,3% em base anual e de 10,2% na comparação com agosto.
A venda de caminhões aumentou 59% em relação ao mesmo mês do ano passado, com o emplacamento de 11.626 unidades, mas queda de 10,2% ante agosto. No acumulado do ano, por sua vez, houve crescimento de 51,8%, a 95.289 caminhões.
No setor de ônibus, os emplacamentos caíram 30,8% em base anual, a 854 unidades. Em relação a agosto, a venda de ônibus teve queda de 33,1%. No acumulado do ano, houve alta de 9,7% a 10.938 unidades.
EXPORTAÇÃO
A receita com as exportações totais de veículos automotores e de máquinas agrícolas produzidas no Brasil somou US$ 634,5 milhões em setembro, alta de 15,3% ante o mesmo mês do ano passado. Na comparação com agosto, houve queda de 7,9%
PRODUÇÃO
A produção de veículos leves atingiu 158.273 unidades em setembro, uma queda de 24,2% ante o mesmo mês de 2020. Na comparação com agosto, houve aumento de 7,3%.
Já a produção total de veículos – que inclui automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus – foi de 173.287 unidades em setembro, recuo de 21,3% em base anual e, alta de 5,6% em base mensal.
No acumulado do ano, a produção total cresceu 24% para 1.649.343 unidades, enquanto a produção de veículos leves até setembro deste ano aumentou 20,5% para 1.516.476 unidades.