Bolsa fecha estável e dólar sobe com boas notícias nos EUA

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São Paulo – O Ibovespa operou toda a sessão no positivo e fechou em leve alta de 0,02%, aos 110.585,43 pontos, praticamente estável, em um dia em que os investidores repercutiram o número de pedidos de seguro-desemprego e o acordo entre republicanos e democratas sobre o teto da dívida dos Estados Unidos. Os agentes financeiros ficam à espera do relatório de emprego (payroll, sigla em inglês) da maior economia do mundo, que será divulgado amanhã para ver se há sinais de quando será o tapering (redução de estímulos).
Por aqui, as questões fiscais seguem no radar do mercado e hoje foi frustrada a expectativa da votação da PEC dos precatórios. A proposta foi adiada por pedido de vista do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) e estima-se que o texto será discutido na segunda quinzena de outubro. O relator da Pec dos precatórios, Hugo Motta (Republicanos-PB), entregou seu parecer na Comissão Especial da Câmara.
Para os analistas da Ativa Investimentos, a Bolsa “repercute o movimento de recuperação no exterior, mas com uma alta mais moderada”. Já os analistas da Terra Investimentos comentaram que “o mercado estava com grande expectativa  para a votação da PEC dos precatórios, principalmente com a notícia d que traria ‘folga para o cumprimento fiscal”.
As ações de destaque na Bolsa foram do setor educacional Yudqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3), que avançaram 9,81% e 4,67%, devido aos dados favoráveis do setor que animaram o mercado.  “A Ser Educacional informou que teve um recorde no terceiro trimestre de 2021 em captação de alunos, alta de 29,4% em relação ao ano passado e o ensino digital cresceu 103%, beneficiando todo o setor”, afirmou Augusto Maurício, sócio da Euroinvest.
Viviane Vieira, operadora de renda variável da B.Side Investimentos, comentou que no início dos negócios a Bolsa repercutiu o possível acordo em relação ao teto de da dívida dos Estados Unidos e os dados do seguro desemprego melhores, mas está com muita volatilidade e sem uma direção única devido à falta de notícias positivas internamente. “A nossa Bolsa está muito volátil, as ações varejo estão sofrendo bastante, principalmente com a curva de juros esticando bem, mas precisamos ter notícias mais positivas em relação ao fiscal e alguma reforma para o Ibovespa voltar aos patamares entre 115 e 120 mil pontos, como muita gente acredita que será até o final do ano”.
A operadora da B. Side Investimentos comentou que a Bolsa está em um nível de preço muito barato e todos os ativos que tiveram forte queda, principalmente ‘as blue chips’, têm espaço para compra. “Em um cenário de incertezas e volatilidade vale mais a pena ter exposição nesses papéis. O mercado está olhando mais para as companhias mais seguras como as “blue chips” porque elas ficaram bem descontadas e penalizando as empresas de crescimento ligadas à tecnologia e varejo”.
E acrescentou que a Vale está se recuperando bem na sessão de hoje.” Se bancos passarem a subir e as ações da Petrobras e Vale mantiverem em forte ganho haverá uma melhora na Bolsa pelo peso que os papéis têm no índice”.
O analista Jose Costa Gonçalves, da Codepe Corretora chamou a atenção para a valorização expressiva das ações da Vale (VALE3)- subiram 2,98%- e seguem o movimento positivo de seus pares em Londres como Anglo American e Rio Tinto, que avançaram 5,17% e 3,47%. “A dúvida é se as mineradoras estão antecipando a volta dos chineses ao mercado amanhã, após longo feriado”.
Para Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest, afirmou que o seguro-desemprego veio abaixo do consenso do mercado- caiu para 326 mil e o mercado previa 345 mil solicitações. “É muito bom porque mostra que o Fed tem de continuar injetando dinheiro na economia e favorece o mercado e ajuda manter a Bolsa em alta na sessão de hoje”.
O dólar fechou em R$ 5,5150, com alta de 0,52%. A moeda norte-americana refletiu a expectativa para a divulgação do payroll (um dos principais índices de emprego nos Estados Unidos), que acontece amanhã, além das já habituais incertezas fiscais e políticas que rondam o cenário doméstico.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “tem um movimento global de queda investimentos nos emergentes, causado pela expectativa do tapering (remoção de estímulos)”.
Abdelmalack acredita que o mercado está em compasso de espera pela divulgação do payroll e, principalmente, para a reunião do FOMC, no próximo mês, onde deverá divulgado o cronograma do começo da injeção de liquidez na economia estadunidense. “A questão é saber o ritmo do tapering”, analisa a economista, que não descarta uma antecipação no aumento de juros nos Estados Unidos.
Em contrapartida, o cenário doméstico continua estagnado. “Temos que acompanhar a o desdobramento do fiscal, dos precatórios. O mercado não vê perspectiva para isso, é muito complicado. A percepção é de risco”, constata Abdelmalack.
Segundo o economista da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “os indicadores dos Estados Unidos estão fortes, enquanto a Europa está muito mal e a China em desaceleração, inclusive com problemas energéticos”. Ele reforça que o ambiente é favorável à economia e moeda norte-americanas, e que em novembro o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve anunciar o cronograma de início do tapering.
Por outro lado, a situação doméstica continua incerta e preocupante: “A questão fiscal está mal resolvida, com o Auxílio Brasil e estouro do teto orçamentário. A agenda de reformas paralisou e ficou completamente desfigurada”, adverte Borsoi.
“A questão agora é quando isso irá terminar e como o mundo vai passar por isso. Estamos em um cenário de desaceleração com inflação, gerando a estagflação, o que é destrutivo”, alerta Borsoi, referindo-se à inflação global.
De acordo com o boletim matinal do Bradesco, “a possibilidade de acordo sobre o teto da dívida dos EUA, que mitiga o risco de paralisação da máquina pública no curto prazo, impulsiona os negócios nesta manhã”.
Já a Commcor desta que, apesar do ambiente externo mais favorável, a situação interna continua incomodando: “o cenário doméstico ainda gira em torno dos já conhecidos assuntos políticos e fiscais como a reforma tributária, precatórios e o novo Bolsa Família. Para que os ativos locais continuem a tendência posta pela decisão do Senado americano, há a necessidade do andamento das discussões referentes as pautas internas e de que uma solução para tais seja estabelecida agilidade”, enfatiza.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em estabilidade, com o mercado aguardando a divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nessa sexta-feira (8).
Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 7,256%, de 7,226% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 9,190%, de 9,065%; o DI para janeiro de 2025 ia a 10,200%, de 10,100% antes e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,620%, de 10,500%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram a sessão em alta, após o líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, anunciar que chegou a um acordo com os republicanos para adiar um confronto sobre o teto da dívida até dezembro, em face das crescentes preocupações sobre um possível calote do governo.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,98%, 34.754,94 pontos
Nasdaq Composto: +1,05%, 14.654,00 pontos
S&P 500: +0,82%, 4.399,76 pontos