São Paulo – A Pequena Central Hidrelétrica, da EDP Energias do Brasil, arrematou 100% das ações da Celg-T, transmissora controlada pela CelgPar, do estado de Goiás, com proposta, de R$ 1,977 bilhão, que representa ágio de 80,10% ante o preço mínimo de R$ 1,1 bilhão estabelecido no edital. A empresa foi representada pela corretora Genial Institucional. O leilão foi realizado na sede da B3, em São Paulo, pelo governo do estado de Goiás.
A EDP considerou o valor oferecido adequado, devido à rentabilidade, oportunidades de sinergias e à capacidade de expansão do ativo e que não haverá problemas para financiar o investimento, que virá da venda de ativos da companhia.
“O investimento terá rentabilidade ao acionista superior a dois dígitos pelas sinergias que temos, somos proprietários de vários lotes de transmissão, e vamos tentar conquistar outros”, disse o diretor presidente da EDP, João Manuel Veríssimo Marques da Cruz, em entrevista a jornalistas após o leilão, acrescentando que a companhia está analisando se irá participar do leilão de transmissão que será realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em dezembro.
Segundo o executivo, os recursos para financiar a aquisição virão da venda de três hidrelétricas e uma geradora da companhia, que estão em análise de propostas vinculantes.
Ao ser questionado se a venda dos ativos não estava inicialmente previsto para ser utilizado em projetos de energia renovável e se a empresa não considera realizar uma emissão de dívida para financiar o investimento na Celg-T, o presidente da EDP disse que “não faltará dinheiro” e que a empresa “está capacitada para realizar investimentos e financiar seu crescimento” em todas essas áreas.
A companhia disse que o investimento não estava previsto no plano de R$ 800 milhões na área de geração previsto anteriormente pela companhia. “Esse valor não incluía aquisições.”
O leilão também recebeu propostas da Cymi Construções e Participações, representada pela RJI, que fez oferta de R$1,6 bilhão, com ágio de 45,76%, da Mez Transmissora de Energia Elétrica, representada pela Ativa, de R$ 1,535 bilhão (ágio 39,84%) e CTeep, representada pela CM Capital Markets, deu lance de R$ 1,504 bilhão (ágio de 37,01%).
A Celg T está sediada em Goiânia (GO) e detém a concessão de mais de 755 quilômetros (km) de extensão de linhas de transmissão (a maior parte em Goiás) e 12 subestações próprias, que representam uma receita anual permitida (RAP) de aproximadamente R$ 216,4 milhões.
O leilão foi realizado por meio de lote único, com critério de julgamento a seleção da proposta de maior valor. A transferência do controle acionário da empresa depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da anuência da Aneel.
Inicialmente agendado para maio, o certame acabou sendo postergado para o segundo semestre devido a modificações de cronograma e de escopo da privatização. Houve uma reestruturação societária responsável por segregar os ativos de transmissão (Celg T) dos ativos de geração (Celg G), de modo a atender a solicitações de investidores. Após a cisão, a Celg T ficou com patrimônio líquido de R$ 1,052 bilhão.
O governador de Goiás destacou o valor de venda do ativo, por quase o dobro do valor pelo qual a Celg Distribuidora, após processo de reestruturação, e o ágio de mais de 80% em relação à proposta mínima. “A Celg Distribuidora foi vendida por R$1,2 bilhão, e o estado assumiu em passivos e empréstimos de R$ 7 bilhões. Hoje vendemos a Celg Transmissão por R$ 1,977 bilhão. Tenho compliance em todos os órgãos do governo e as pessoas sabem que o que pagam em imposto é corretamente aplicado. Os empresários são bem vindos ao estado de Goiás”, disse Ronaldo Caiado, governado do estado de Goiás, em discurso após o leilão, na sede da B3, em São Paulo (SP).
Ele disse que a Celg-D foi dilapidada por administrações anteriores até ser vendida por R$ 1 bilhão e que, agora, com a venda da Celg-T, poderá cumprir compromissos previdenciários a servidores de Goiás. “É algo a se comemorar, houve muita ansiedade até chegar neste momento”, declarou a jornalistas, em entrevista após o leilão.
