Bolsa fecha em alta e dólar em queda puxados por exterior

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta de mais de 1,29%, aos 114.647,99 pontos, acompanhando o movimento positivo no mercado norte-americano com os investidores reagindo com bom humor à temporada de balanços corporativos no terceiro trimestre, acima do esperado, refletindo as vendas no varejo- subiram 0,7% em setembro em relação ao mês de agosto- e as notícias positivas em relação à Evergrande-gigante do setor imobiliário chinês.
Por aqui, os investidores seguiram preocupados com os riscos fiscais devido à possibilidade de continuação do auxílio emergencial e as ações populistas do governo federal com a fala da véspera do presidente Jair Bolsonaro sobre a volta da cobrança normal da conta de luz em novembro. “A declaração de Bolsonaro chama atenção do mercado com uma possível intervenção do governo, mas pode ser uma intenção populista”, disse Ariane Benedito, economista da CM Capital.
Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, afirmou que a Bolsa está se recuperando bem na sessão de hoje em dia de vencimento de opção. “Agora em outubro estamos vendo forte movimento de investidor estrangeiro na compra e, entre os locais- o institucional está sendo o principal vendedor”.
Mesmo com a alta de hoje, o Brasil “continua destoando muito do exterior”. Brito ressaltou que quando começar a temporada de balanços das empresas, por aqui, “deverá ser um gatilho importante para o mercado”.
O sócio da Finacap comentou que não é toda a Bolsa que está barata “os setores de petróleo e gás, Vale, papel e celulose e bancos são os mais atrativos e deixam a Bolsa mais cara”.
Para Caio Henrique Soares Rodrigues, head e estrategista da Speed Invest, a Bolsa sobe por causa do mercado externo com os balanços positivos dos bancos e as vendas do varejo acima do esperado. “Esses resultados trazem certa estabilidade e tira um pouco desse temor que o mercado sentia por conta da inflação e do movimento do tapering (retirada dos estímulos)”.
O head e estrategista da Speed Invest também comentou que “outro vetor que faz o mercado respirar um pouco tem relação com a Evergrande. Hoje, a China comunicou que o caso da incorporadora é bem isolado e o próprio governo está auxiliando para que a empresa não quebre”. O mercado ficou receoso com a crise da Evergrande, e se outras construtoras do país poderiam enfrentar o mesmo problema.
Rodrigues ressaltou que as tensões no interno continuam, mas o Ibovespa “está seguindo mais as tendências do macroeconômico global”.
O dado importante divulgado pelo Banco Central (BC), mais cedo, foi o índice de atividade econômica (IBC-Br), uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), – caiu 0,15% em agosto ante com julho.
As ações do Pão de Açúcar (PCAR3) lideraram as altas do Ibovespa na sessão desta sexta-feira- avançaram mais de 12%- por conta do acordo com o Assaí no valor de R$ 5,2 bilhões para a transformação de 71 lojas do Extra Hiper, operadas pelo Pão de Açúcar.  As ações do Assai (ASAI3) tiveram movimento contrário e caíram mais de 1%.
O dólar comercial fechou em R$ 5,4540, com queda de 1,08%. Mais do que o leilão extraordinário de swap realizado pelo Banco Central (BC) na manhã de hoje, a fala do diretor de política monetária da instituição, Bruno Serra, nesta tarde, garantindo que o banco está vigilante e irá injetar mais liquidez no mercado, impactou diretamente no câmbio.
Para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, “o dólar estava muito pressionado, mas a fala do Bruno Serra acalmou os mercados, assegurando que a instituição irá prover liquidez ao mercado”.
Os aspectos políticos e fiscais continuam preocupando, mas hoje não se restringe a isso: “O cenário internacional, principalmente a China, continua muito nebuloso, com diversas incertezas”, avalia Ortiz.
Segundo o sócio da Euroinvest, Cristiano Fernandes, “a linha de corte do Banco Central é de R$ 5,50, e acima deste valor ele ataca”. Este ataque é uma menção aos leilões extraordinários de swap, como o realizado nesta manhã, onde a instituição visa injetar liquidez no mercado. “O BC tem enxugado gelo, mas não tem muito o que fazer”, avalia Fernandes.
Já o Indice de Atividade Econômica (IBC-Br), na avaliação de Fernandes, acendeu um sinal de alerta: “Isso (a queda de 0,15% em agosto ante julho) mostra que a curva do Produto Interno Bruto (PIB) vem se deteriorando, talvez a gente esteja com um PIB superestimado. Isso também reflete no câmbio, com o investidor buscando moedas para se proteger”, analisa.
Fernandes, porém, acredita que os ruídos internos continuam vivos: “O governo tem insistido em pautas onde a conta não fecha”, referindo-se ao auxílio temporário, que teria o caráter de gastos extras para se encaixar no teto de gastos.
De acordo com o economista-chefe da Necton, André Perfeito, “como os mercados estão em alta, assim como o petróleo, também é provável que o real ganhe força”.
Nesta manhã, às 9h30, o Banco Central realiza mais um leilão extra de swap cambial. A instituição irá ofertar 20 mil contratos (US$ 1 bilhão), com o objetivo de injetar mais liquidez no mercado.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em alta após o resultado inesperado do varejo dos Estados Unidos, que deve impactar diretamente a inflação por lá e colocar ainda mais urgência no processo de retirada de estímulos previsto pelo Fed.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 7,348%, de 7,336% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 9,280%, de 9,140%; o DI para janeiro de 2025 ia a 10,200%, de 10,060% antes e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,580%, de 10,460%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram o dia em alta, graças à ajuda dos resultados melhores do que o esperado das empresas no terceiro trimestre. Os balanços também ajudaram a garantir ganhos semanais para os índices nos Estados Unidos.
Confira a pontuação e a variação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +1,09%, 35.294,76 pontos
Nasdaq Composto: +0,50%, 14.897,34
S&P 500: +0,74%, 4.471,37 pontos