Permanência de Guedes ajuda bolsa a subir e dólar a cair

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A perspectiva de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, continuará no cargo, e de que isso impedirá uma total desorganização da política fiscal ajudou a aumentar o apetite por risco dos investidores, impulsionando os preços das ações e ajudando a valorizar o real ante o dólar.
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o mercado está aliviado que o Paulo Guedes tenha permanecido no governo. Embora ele tenha cedido às pressões, ele ainda é visto como uma âncora para as coisas não saírem do controle”.
As projeções para a Selic, consequentemente, também mudaram: “A perspectiva, que era de 1 ponto percentual, agora são de 1,5, até mesmo de 2 pontos, com o Banco Central (BC) dando um choque no mercado. Isso também contribui para o real mais valorizado”, pontua Rostagno.
Além disso, o ambiente externo nesta segunda é propício: “É um cenário positivo para emergentes, o que ajuda o real se valorizar”, analisa Rostagno. “O que não significa uma recuperação, já que houve uma mudança na percepção de risco da moeda”, pondera.
Os juros seguem em alta depois de a Petrobras anunciar um novo aumento no preço dos combustíveis, o que deve dificultar a convergência para a inflação em direção à meta – algo com o qual os investidores passaram a se preocupar mais desde a semana passada em função da notícia de que o Auxílio Brasil, programa que ficará no lugar do Bolsa Família, exigirá despesas acima do limite previsto no atual teto de gastos.
Segundo Mehanna Mehanna, sócio e fundador da Phi Investimentos. se houve uma política assertiva do governo na semana passada foi soltar a bomba fiscal de uma única vez. “Para mim, essa estratégia de anunciar o aumento do auxílio, citar dificuldade de arrecadação e confirmar o rompimento do teto foi adotada propositadamente.”
Para ele, o tsunami de más notícias permite, ao menos, alguma previsibilidade quanto aos próximos passos. “A questão da preocupação fiscal permanece, mas o cenário ficou mais claro e o rompimento do teto com o auxílio não tende mais ser tão relevante. Já foi precificado”, acredita.
As taxas dos contratos de DI também digerem o fato de o Itaú Unibanco ter passado a prever queda de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano que vem. É o primeiro banco ventilando a possibilidade de recessão.
Veja como estava o mercado por volta das 13h40 (de Brasília):
IBOVESPA: 108.288 pontos (+1,87%)
DÓLAR À VISTA: R$ 5,5930 (-0,56%)
DÓLAR FUTURO (NOV): R$ 5.598,50 (-0,96%)
DI JAN 2022: 8,338% (+0,200 pp)
DI JAN 2023: 11,22% (+0,412 pp)
DI JAN 2025: 11,78% (+0,271 pp)