São Paulo – O otimismo observado no exterior com os resultados positivos das empresas a despeito de problemas na cadeia de suprimentos e do aumento nos custos de produção ajuda a impulsionar as bolsas lá fora e dá impulso também ao Ibovespa no mercado local, numa sessão com baixo volume de negócios por causa da proximidade de um feriado na terça-feira.
Para José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, o movimento positivo da Bolsa está sendo impulsionado pelos bancos após o Nubank anunciar que pretender vender 289 milhões em papéis para alavancar mais de US$ 3 bilhões em sua oferta pública inicial (IPO, sigla em inglês) de ações no mercado acionário dos Estados Unidos.
“Os dados apresentados pelo Nubank levam os investidores a fazerem uma análise positiva para o Banco Inter (BIDI11), também banco digital, e avaliar o valor das instituições financeiras mais tradicionais, como Itaú, Bradesco e Santander”.
O analista da Codepe corretora comentou que alguns papéis como os do setor de construção e varejo passam por um movimento de correção. “Com começo de mês algumas ações estão se reajustando após queda forte do final do mês passado”. As ações da Petrobras e Vale, com peso no índice, seguem no campo positivo.
Receios com os impactos de uma potencial greve de caminhoneiros sobre a economia, bem como com a possibilidade de deterioração das contas públicas, seguem rondando o mercado e contribuem para impulsionar o dólar e as taxas de juros.
Até agora, não houve notícias de estradas bloqueadas por caminhoneiros autônomos nesta segunda-feira, mas líderes da categoria dizem que a greve está em andamento.
Em relação à trajetória das contas públicas, o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Leal, aponta que “o mercado opera em compasso de espera. A expectativa é para o que vai acontecer na próxima quarta-feira”, disse ele, referindo-se à data em que é esperada a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.
Esta PEC aumenta as hipóteses em que o governo pode parcelar o pagamento de precatórios e faz alterações na regra do teto de gastos. Segundo estimativas do Ministério da Economia divulgadas no final da semana passada, a aprovação do texto pode ampliar em R$ 91,6 bilhões o espaço para despesas discricionárias no ano que vem – sendo R$ 47 bilhões via alterações na regra do teto de gastos e R$ 44,6 bilhões por meio das alterações nas regras de parcelamento dos precatório.
Na prática, o texto abre espaço para que o governo federal possa avançar com a introdução do programa Auxílio Brasil, que entrará no lugar do Bolsa Família e será o carro-chefe do presidente Jair Bolsonaro a menos de um ano das próximas eleições presidenciais.
Leal sublinha que, embora a PEC não seja positiva, as outras opções para a introdução do programa são ainda piores. “Quando começam a falar sobre alternativa com o decreto do estado de calamidade pública, as incertezas só aumentam, e o mercado não gosta disso”, analisa.
Veja como estava o mercado por volta das 13h (de Brasília):
IBOVESPA: 105.502 pontos (+1,93%)
DÓLAR À VISTA: R$ 5,6800 (+0,67%)
DÓLAR FUTURO (NOV): R$ 5.710,50 (+0,89%)
DI JAN 2022: 8,388% (+0,024 pp)
DI JAN 2023: 12,36% (+0,230 pp)
DI JAN 2025: 12,50% (+0,300 pp)