Lagarde alerta que alta de juros na zona do euro em 2022 é muito improvável

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São Paulo – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que “é muito improvável” que as condições para um aumento nos juros na zona do euro sejam alcançadas já no próximo ano, mesmo com a aceleração recente na inflação da região.

“Em nossa projeção futura sobre as taxas de juros, articulamos claramente as três condições que precisam ser satisfeitas antes que as taxas comecem a subir. Apesar do atual aumento da inflação, as perspectivas para a inflação no médio prazo permanecem moderadas e, portanto, é muito improvável que essas três condições sejam satisfeitas no próximo ano”, disse Lagarde.

Segundo ela, ao participar de um evento em Portugal, a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro de volta ao seu nível pré-pandemia antes do final deste ano. “No entanto, o ímpeto do crescimento está se moderando um pouco devido aos efeitos dos gargalos de oferta e ao aumento dos preços da energia”.

Lagarde destacou que taxas de juros de mercado subiram nas últimas semanas, como resultado da maior incerteza do mercado sobre as perspectivas de inflação, repercussões do exterior nas expectativas das taxas de juros na zona do euro e algumas questões sobre a calibração das compras de ativos em um mundo pós-pandêmico.

Com relação ao programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) de US$ 1,850 trilhão de euros, ele continuará sendo usado para garantir condições de financiamento favoráveis e evitar um endurecimento indesejado. “Quanto à calibração das compras de títulos em um mundo pós-pandêmico, anunciaremos nossas intenções em dezembro”, disse Lagarde.

“Mesmo após o esperado fim da emergência pandêmica, ainda será importante que a política monetária – incluindo a calibração adequada das compras de ativos – apoie a recuperação e o retorno sustentável da inflação à nossa meta de 2%”. Na semana passada, Lagarde disse que o PEPP vai terminar em março de 2022, e tentou amenizar expectativas por altas de juros, após o BCE manter sua política monetária inalterada.

Os mercados de títulos precificam um aumento de juros antes do final de 2022. Lagarde reiterou que a aceleração na inflação da zona do euro é temporária e os preços vão recuar no início do próximo ano, permanecendo abaixo da meta de 2% no médio prazo.